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Verão quente

Depois do interregno destes artigos, voltamos à escrita de opinião sobre desporto, sobre educação, no fundo sobre a vida, que a todos nos vai marcando. O mundo está a complicar-se, as guerras, as lutas pelo poder, a instabilidade climática e social, estão a marcar a cadência dos nossos dias.

O verão de 2025 não foi só marcado pelo calor intenso, pelos desastres ambientais ou pela contestação. Este verão, Portugal não foi ativo só nas praias, realizaram-se diversas competições desportivas, que o nosso país acolheu e também participou, onde as cores nacionais obtiveram alguns resultados de relevo. Este verão está a deixar marcas em diversas frentes, que podem representar a diversidade que Portugal precisa.

Em diversas modalidades, Portugal obteve alguns bons resultados internacionais, mas mais importante têm emergido várias promessas jovens, que estão a ganhar o seu espaço e a melhorar a nossa competitividade externa. Nem tudo é reluzente, nem tudo é título de jornal.

No desporto há uma base silenciosa, que sustenta as medalhas e as vitórias: a formação desportiva dos nossos jovens. Portugal precisa de melhorar muita coisa em torno do Desporto. Temos que ter consciência que investimento, estratégia, perspetiva de desenvolvimento, não se prende apenas com gastar euros no alto nível. Por exemplo, no futebol, em Portugal, nunca se gastou tanto dinheiro. Também nas modalidades menos mediáticas, as contratações surgem e as apostas dos clubes aumentaram. Temos que ter consciência que isso não chega. Portugal tem que ser um país formador.

Temos que apostar, e cada vez mais, na melhoria do Desporto de formação, no Desporto Escolar, como as bases para o garante de desenvolvimento e evolução desportiva. Na verdade, temos que criar ambientes de treino e logística, que promovam desenvolvimento desportivo sustentado e duradouro. Alguns exemplos recentes são claros: muitos dos nomes que brilham nas competições internacionais, em provas de atletismo ou em campeonatos de canoagem, começaram em pequenos espaços escolares, em pistas secundárias ou em rios e lagos longe dos holofotes.

Um atleta não nasce apenas do seu talento, surge da persistência e consistência diária, mas também de uma rede de apoio que lhe proporcione as condições para se desenvolver. Tal como nas florestas, o futuro (bom ou mau) é fruto daquilo que plantarmos hoje. É aqui que está o futuro. O investimento na formação desportiva e escolar é a forma nuclear para a capacitação de novos valores desportivos e o reforço da estratégia em tornar o desporto como motor de desenvolvimento económico, turístico e social. É, por tudo isto, decisivo que se reforce a formação na base da pirâmide desportiva. Só assim o país poderá garantir que cada verão desportivo que venha será ainda mais “quente” em conquistas do que o anterior.

Carlos Dias

Carlos Dias

19 setembro 2025