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Nível zero

O SC Braga encontra-se numa espiral negativa que preocupa o mais pacato dos seus adeptos, pelo que se tem observado nos últimos tempos.

A época representava, em teoria, uma rutura com o passado no que ao projeto a implementar dizia respeito. Havia a implementação de novas ideias e novos conceitos que exigiam tempo na evolução do processo que se operacionalizava em Braga. Carlos Vicens, um treinador espanhol com ligações fortes a Pep Guardiola, era o técnico escolhido para percorrer um caminho que pudesse conduzir a conquistas maiores. O clube fez um esforço financeiro nas contratações, investindo como nunca o fizera, para que fossem dadas as condições de chegada ao sucesso.

A nível europeu o objetivo de chegar à fase regular da Liga Europa foi atingido com mérito, parecendo que existia evolução no tal processo. Contudo, a nível interno os adversários na liga portuguesa foram dados alguns sinais que não foram lidos com a devida atenção pelos responsáveis bracarenses, especial os que integram a vertente técnica. Analisemos com mais detalhe esses sinais.

A visita do Tondela à Pedreira e a visita a Alverca terminaram com duas vitórias claras por três golos sem resposta. Porém, nestes dois jogos os dois rivais, vindos de escalão inferior, foram capazes de criar oportunidades suficientes que inquietavam as almas braguistas, no lado mais negativo desses triunfos. Todavia, a eficácia, defensiva e ofensiva, demonstrada pareciam sinais positivos a consolidar.

A visita à Pedreira do AFS, à terceira jornada, agravou os indicadores mais negativos dos outros dois encontros internos e o empate a dois golos foi o desfecho, no único ponto conquistado nas Aves até ao momento, havendo a lamentar o antijogo verificado. A viagem a Vila do Conde representou uma espécie de repetição da má prestação anterior, diante do conjunto avense, existindo uma primeira parte muito negativa frente ao Rio Ave, que não se recomenda. A metade do jogo dada de avanço aos rioavistas foi reconhecida por todos e não deveria repetir-se. Sublinho que, pela segunda vez, o antijogo foi uma arma lamentável utilizada, com prejuízo braguista e, sobretudo, do espetáculo.

A receção ao Gil Vicente tornou gélida uma noite da Pedreira que se pedia quente e vibrante, com o SC Braga a perder um jogo em que uma exibição tão negativa não se via há muito tempo, com equívocos evidentes no onze inicial e nas alterações. Foi mau de mais o que se viu, com os gilistas a demonstrarem que os orçamentos por si só não ganham jogos e a sorrirem no fim em Braga, vencendo com mérito, aliado ao demérito bracarense. A prestação brácara foi tão negativa que enviou a equipa para um nível zero o tão falado processo e se traduziu na perda de sete pontos nos últimos três jogos de difícil recuperação, deixando apreensão geral em toda a Legião. O tempo em Braga já não é um aliado e se a equipa não arrepiar caminho e demonstrar maior competência pode perder-se a ligação e apoio dos adeptos, que se sentia desde a pré-época. Têm a palavra os intervenientes, de modo a devolver o prazer aos adeptos quando assistem aos jogos e a (re)colocar os resultados num patamar de excelência, a começar já em Guimarães, no dérbi maior que o país conhece, num jogo que já teve o seu início, porque começa sempre muito antes e acaba muito depois.

António Costa

António Costa

18 setembro 2025