O futebol português tem momentos em que parece viver numa bolha, alheado do mundo real. Vem isto a propósito dos preços absurdos que os adeptos do Gil Vicente iriam pagar em Braga, como explico a seguir.
A determinada altura da planificação da nova época a “gestão” do Gil Vicente decidiu colocar “preços especiais” para os adeptos visitantes contra os três clubes que se autoproclamam grande, juntando o SC Braga e o Vitória SC, a esse lote de elite para a definição do preço dos bilhetes. Parece que os galos, de repente, têm tiques de grandeza nada condizentes com a sua realidade, rejeitando unilateralmente protocolos existentes.
A explicação anterior levou o SC Braga, em resposta ao que os galos anunciaram há algum tempo, a definir a quantia de 25 euros para os adeptos gilistas que queiram assistir ao jogo da Pedreira. Obviamente que, por esta altura, todos os braguistas se interrogam qual será o preço dos bilhetes, que pagarão em Barcelos, sendo expectável que será implementado o limite máximo estabelecido. A “gestão” do Gil Vicente colocou o preço de 10 euros para o bilhete e a deslocação dos seus adeptos que queiram visitar a Pedreira, assumindo o encargo do valor restante, numa decisão que resolve por agora o problema dos seus seguidores, mas mantendo a ferida bem aberta no que ao futuro diz respeito. Veremos se, na devida altura, a resposta dos responsáveis arsenalistas não é a mesma que o Gil Vicente deu agora, mostrando o desagrado pela situação criada. Os adeptos braguistas deveriam protestar através da sua ausência no jogo de Barcelos.
O problema criado, por iniciativa dos galos, mereceria como resposta de todos os adeptos envolvidos nos dois jogos, a ausência nos eventos, porque este desrespeito total pelos adeptos e por quem quer de volta as pessoas aos estádios não deveria ter uma resposta diferente, num país cujo nível de vida médio das pessoas está muito distante dos preços obscenos aqui referidos. Talvez fosse sensato que os (ir)responsáveis de alguns clubes portugueses parassem para pensar no mal que podem estar a fazer ao futebol, do qual fazem a sua forma de vida, que não é a dos adeptos.
Em relação ao duelo dentro do relvado, espero que a reentrada nas competições oficiais quebre o ciclo negativo de dois empates consecutivos do SC Braga, para a liga portuguesa, e devolva a alegria do triunfo aos seus seguidores, fazendo esquecer os dois desaires anteriores.
O mercado de Verão fechou, com o SC Braga a ver sair uma das suas pérolas por valores que não podiam ser recusados, a bem de alguma estabilidade contabilística, onde o equilíbrio é determinante para evitar novos “Boavistas”, cuja ameaça surge em várias esquinas. Assim, é importante que se continue a vender bem para investir melhor, de modo a promover um crescimento sustentado que afaste o perigo de as despesas globais serem, de modo regular, superiores às receitas. E foi assim que o menino Roger partiu cedo de mais para a distante Arábia Saudita, deixando os holofotes dos campeonatos mais competitivos, por muito que alguns tentem vender uma imagem contrária. O menino, que um dia chegou a Braga ainda sem poder competir, cresceu e tornou-se na maior venda de sempre dos bracarenses. Agora é altura de “fazer votos para Roger possa voar” rumo à confirmação de um futuro risonho que se observava no seu horizonte.