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Alta segura do recém-nascido

A chegada de um bebé é um motivo de alegria que traz alguns desafios para a família. O momento da alta hospitalar em particular, pode gerar insegurança. Por isso, o conceito de "alta segura" do recém-nascido (RN) tem ganho destaque, procurando garantir que a saída do hospital acontece de forma segura e responsável, prevenindo riscos e promovendo o vínculo familiar. 

Em Portugal, o momento da alta hospitalar de um RN não se resume apenas a uma decisão clínica, está enquadrada por normas legais e orientações que garantem a segurança do RN e o apoio aos pais. 

A alta não deve ser vista apenas como o fim de um internamento, mas como o início de uma nova fase de cuidados. De um modo geral, considera-se que o RN pode ter alta a partir das 48 horas de vida, desde que não existam complicações maternas ou neonatais. Este momento é alvo de preparação desde o nascimento e visa capacitar a família para a sua nova realidade. 

A base de uma alta segura está no diálogo entre profissionais e família. Orientações simples sobre os cuidados ao RN, sinais de dificuldade na alimentação, reconhecimento de sinais de alerta tais como icterícia, febre e dificuldade respiratória, o reforço da importância da continuidade do percurso de saúde (acompanhamento médico e/ou de enfermagem e cumprimento do plano nacional de vacinação), devem ser transmitidas de forma clara, dando sempre algum tempo para os pais colocarem dúvidas, medidas simples que podem fazer toda a diferença. No caso de recém-nascidos prematuros ou com patologia crónica, a transmissão de informação e articulação com o Centro de Saúde são essenciais de modo a assegurar o seguimento e os cuidados destes bebés. 

O transporte seguro do RN também é um tema importante e que deve ser abordado no momento da alta. Deve respeitar a legislação rodoviária portuguesa, que obriga ao uso de sistemas de retenção homologados e adequados ao peso e idade da criança. Para bebés RN, deve ser utilizado um dispositivo do grupo 0+ (cadeirinha ou “ovo”), sempre instalado no sentido contrário ao da marcha e preferencialmente no banco traseiro. O transporte poderá ser realizado no banco dianteiro, em caso de necessidade extrema, desde que os airbags estejam desligados. É dever dos profissionais de saúde alertar os pais para esta obrigação legal, instruindo-os e demonstrando a correta instalação do sistema de retenção no assento do carro, bem como o ajuste adequado dos cintos de segurança do RN, de forma a garantir o máximo de segurança e a proteção em caso de acidente. É fundamental alertar os pais para o facto de que a cadeirinha é apenas um meio de transporte para o recém-nascido e estes não devem permanecer nele por períodos prolongados. 

No caso dos recém-nascidos prematuros, tendo em conta a idade gestacional e o peso de nascimento os cuidados são reforçados. O transporte destes bebés implica cuidados extra no posicionamento e adaptação do recém-nascido à cadeira sendo por vezes necessário recorrer a material adaptativo, tais como redutores. 

Alta segura exige tempo, escuta e compromisso da equipa multidisciplinar e família. Ao receber estas informações, a família ganha confiança para cuidar e proteger o seu bebé. Afinal, cada orientação dada e cada dúvida esclarecida pode representar a diferença entre um risco e um começo de vida saudável. 

Bebé saudável, pais seguros, família feliz!

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Filipa Raposo e Joana Rosas

5 setembro 2025