As eleições autárquicas são aquelas que mais interesse despertam nos portugueses. Primeiro, porque quase toda a gente tem um conhecido, um amigo ou até um familiar que é candidato. Também se destacam pela presença massiva do povo nas candidaturas, independentemente da idade, da profissão, dos estudos ou da formação académica. Todos são candidatos em potência e todos, independentemente das origens, podem ser excelentes autarcas. Em terceiro lugar, são eleições onde se escolhe quem nos vai representar no poder local, tendo isso uma influência muito direta no nosso dia a dia. O voto pode influenciar o que vai ou não ser feito no concelho, freguesia ou na rua onde moramos. E o peso desse voto também é maior do que em qualquer outra eleição. Tenho noção que um voto numas legislativas em nada influencia o resultado eleitoral. Como é óbvio, os votos contam pelo seu conjunto e não é um voto em particular que vai alterar o vencedor. Se isto é verdade para uma eleição nacional, o mesmo não podemos dizer quando falamos de eleições para o poder local. Aqui, por um voto se ganha e por um voto se perde, dando muito mais peso e responsabilidade ao simples ato de votar. Ainda me recordo do caso do Padre Albino Carneiro que, em 2009, perdeu a eleição para a Câmara Municipal de Vieira do Minho por apenas 26 votos.
As eleições autárquicas são o expoente mais genuíno da vida democrática de um país. A envolvência das pessoas é tão grande que, por esta altura, todos os cafés, em cada esquina e em cada aldeia, são verdadeiros centros de debate, onde se discute o presente e o futuro de cada terra, num tom ora mais recatado ou mais emotivo. Sempre assim foi e 2025 não vai ser a exceção. E se assim é nos cafés, também o é nas redes sociais, seja pelos partidos e candidatos que utilizam as redes para darem a conhecer os seus intentos e programas, seja pelos próprios cidadãos que também as utilizam para exercer algum poder de influência. As redes sociais são um núcleo importante de escrutínio à atividade autárquica dos políticos. Em cada telemóvel temos um comentador que, através das redes, difunde as suas ideias, faz propostas ou reclama pelo que, no seu entendimento, já poderia ter sido feito. Isso é bom para democracia pois traz mais transparência! Mas como em tudo na vida, há o outro lado da moeda que salta à vista quando falamos de redes sociais. Impressiona-me a falta de respeito de algumas pessoas, sobretudo quando o tema central em debate são as eleições autárquicas. Eu sei que são as eleições que concentram mais emotividade, mas é incrível a forma como alguns se manifestam completamente intolerantes em relação a opiniões ou visões contrárias, apostando no insulto e na maledicência para com alguém que pensa diferente e nada mais. E se há quem não tenha qualquer pudor ou vergonha em insultar de forma gratuita com ataques ad hominem quando estão escudados pelo ecrã do telemóvel, outros há que não se livram de cair na tentação de alimentar com “gostos” a ofensa e a injúria. Mas tudo isso são apenas alguns sinais preocupantes do tempo que vivemos!