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Regresso às Aulas: O Papel dos Pais e das Escolas na Saúde Mental Infantil

O regresso às aulas após as férias é, para muitas crianças, um momento de entusiasmo e expectativas, marcado por alegria e reencontros. No entanto, nem todas vivem esta fase com leveza – para algumas, este regresso à escola pode trazer uma série de desafios emocionais, desde a pressão para obter boas notas, ao receio de sofrer bullying ou de não ser bem aceite pelos colegas, ou ainda a dificuldade em conciliar as exigências escolares com outras responsabilidades pessoais ou familiares. Tudo isto pode desencadear sentimentos como ansiedade, stress ou até insónias, entre outros. 

Para ajudar as crianças a lidar melhor com o regresso às aulas, é importante começar a preparação emocional ainda antes do início do ano letivo, com uma comunicação aberta e empática entre pais, educadores e a própria criança. É essencial que os mais novos se sintam ouvidos e compreendidos em relação às suas preocupações; identificar medos, falar sobre ansiedades e mostrar disponibilidade para apoiar são passos simples – mas essenciais – para que este regresso seja vivido com mais tranquilidade.

Uma outra estratégia considerada eficaz consiste em estabelecer uma rotina gradual, que inclua a adaptação aos horários de sono e de estudo antes de o ano letivo começar. Ensinar a criança a organizar o seu tempo e a antecipar os desafios diários pode trazer-lhe uma sensação de controlo sobre a situação, o que diminui a ansiedade.

Mas mais do que preparar os mais novos para o regresso às aulas, é importante que os pais e educadores tenham em mente que o cuidado com a saúde mental deve ser constante ao longo do ano letivo. A prática de atividades físicas, por exemplo, tem um impacto positivo no bem-estar psicológico das crianças, ajudando a reduzir a ansiedade e a melhorar o humor. Já as atividades extracurriculares, como a música, o teatro ou a arte, não só reduzem o stress como também promovem o desenvolvimento de competências sociais e emocionais importantes para a vida escolar e pessoal.

Momentos de lazer e descontração também são fundamentais para o equilíbrio emocional das crianças. Atividades como a leitura, os jogos ou simplesmente brincar ao ar livre devem fazer parte da rotina, pois ajudam a aliviar a tensão do dia a dia e promovem o bem-estar. Além disso, quando os pais se envolvem ativamente na educação e na vida emocional dos filhos, a autoestima das crianças tende a crescer — e a ansiedade, a diminuir. Pequenos gestos de presença e atenção fazem toda a diferença.

O papel da escola, a par com o dos pais, é fundamental no cuidado da saúde mental das crianças. Cabe às instituições de ensino garantir que todos os alunos se sintam seguros, bem acolhidos e emocionalmente apoiados. Programas de apoio psicológico, atividades de integração e ações contra o bullying são algumas das iniciativas que podem fazer a diferença no bem-estar coletivo. Para isso, é essencial que professores e educadores estejam atentos a sinais de stress ou ansiedade e atuem de forma preventiva, criando um ambiente escolar positivo, onde cada criança se sinta valorizada e respeitada.

O regresso às aulas marca uma etapa importante na vida das crianças, mas pode também ser um período carregado de desafios emocionais. Antecipar este momento com conversas abertas, rotinas bem definidas e apoio contínuo faz toda a diferença para proteger a saúde mental dos mais novos. A construção de um ambiente seguro e positivo – tanto em casa como na escola – exige a colaboração próxima entre pais, educadores e profissionais de saúde. Só assim será possível ajudar as crianças a crescer de forma equilibrada, resiliente e confiante para enfrentar os desafios do dia a dia.

Cristina Silva

Cristina Silva

27 agosto 2025