Entendo as homenagens a quem são devidas, seja qual for o seu espectro enquadrado nas “Circunstâncias” Históricas (Cónego João Aguiar Campos, Diário do Minho, 2016). Orgulho nos nossos familiares Tenente-Coronel Inácio Severino Soares de Mello Bandeira e no Empregado de Escritório Sr. José Severino de Mello Bandeira (Figueiredo, Moreira de, Subsídios para um tombo genealógico das Beiras, Revista Beira Alta, Viseu, 1946). Tenente-Coronel Inácio de Mello Bandeira (Viseu, 1882/Cabo Verde, 1936, torturado e assassinado). Foi baptizado em Souto de Lafões (Viseu) em 31/1/1884. Teve como Padrinho os familiares Tenente José de Sousa Almeida e como Madrinha Maria Joaquina da Conceição. A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. IV, p. 114, tem a entrada: “BANDEIRA… Militar e colonialista, n. em Valença do Minho em 1882, m. Em Cabo Verde em 1936. Oficial distintíssimo, fez grande parte da sua carreira na terra da sua naturalidade de que chegou a ser comandante militar. Gozando de grande prestígio no Exército, combateu em Angola, no Cuamato, durante a Grande Guerra, sob o comando de Roçadas, demonstrando qualidades excepcionais de valentia e heroísmo, que lhe valeram a Torre e Espada. Bateu-se também em Moçambique, no Niassa e no Rovina contra as tropas alemãs, comandando o 8º grupo de metralhadoras. Nesta colónia foi governador de distrito e secretário provincial. Desterrado para a África em 1927, por motivos políticos, faleceu no posto de tenente-coronel. Era profundo conhecedor de assuntos coloniais”. Já no Museu do Aljube ( https://www.museudoaljube.pt/doc/inacio-severino-melo-bandeira/ ): “nasceu em Viseu em 1882. Frequentou a Escola do Exército e integrou o Corpo Expedicionário Português (CEP), participando em ações militares em Angola e Moçambique. Foi ainda administrador de concelho em Moçambique. Membro do Partido Democrático, tomou parte no combate à Ditadura Militar e à imposição do Estado Novo. Participou, primeiro, na Revolta de 3 e 7/2/1927, que teve lugar no Porto e em Lisboa, sendo preso e posto sob regime de residência fixa na Ilha da Madeira. Tal como outros ali deportados, participará na ‘Revolta da Madeira’ de 4/4/1931, que terá continuação dias depois nos Açores, o que lhe valerá a demissão do Exército e a deportação para Cabo Verde, onde permanecerá até à sua morte em 1936, com 54 anos”. O Tenente-Coronel de Mello Bandeira participou na 1.a Grande Revolta contra a Ditadura do Estado Novo e que, resultando na derrota dos revoltosos, se saldou em cerca de 80 mortos e 360 feridos no Porto e 70 mortos e 400 feridos em Lisboa. Inácio de Mello Bandeira foi um dos 2 líderes, com o Comandante Jaime Morais, que tentaram negociar a rendição com amnistias. A guerra venceu a paz e seguiu-se uma carnificina nas 2 principais cidades Portuguesas. Desta vez, “a ditadura venceu”. Já o Sr. José Severino de Mello Bandeira nasceu em 1909 no Porto, Empregado de Escritório, foi capturado pela PSP de Setúbal em 28/2/31, acusado pelo manifesto “Ao Povo Faminto”. Condenado a 90 dias de prisão na Cadeia do Aljube, seria solto em 30/5/31. Detido em 26/8, por participar numa revolta, foi deportado, em 2/9, para Timor, donde regressou em 9/6/33. Preso em 29/5/34, por manter as ligações Anarquistas, integrar o núcleo da FARP, ter armas, participar no jornal “A Batalha” e colaborar na greve revolucionária de 18/1/34 (redigiu propaganda na tipografia clandestina da CGT) e em 17-18 assumiu o corte de 3 cabos telegráficos do Gravato e de Monsanto. Regressou ao Aljube em 13/11/34 e, em 23/3/35, seria condenado a 12 anos de degredo. Embarcou, em 23/4, para Angra do Heroísmo e, em 23/10/36, passou para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18/10/1945, regressou em 1/2/46 e saiu em liberdade. Por curiosidade, foi um dos presos que tratou José Manuel Alves dos Reis, gravemente doente: https://www.tarrafal-cdt.org/preso_perseguido/jose-severino-de-melo-bandeira . Respeitemos a Memória e valentia inigualáveis contra a ditadura, sobretudo dos que foram humilhados, torturados e assassinados. As nossas Primas Prazeres Bandeira que tanto visitei e que me deixavam pegar nas Espadas Militares herdadas, suas familiares também, viveram longos anos em Braga onde tinham uma grande casa na altura rodeada de jardim e belas árvores, hoje a “Cruz Vermelha” sita na Av. 31 de Janeiro, 317!
Tenente-Coronel Inácio & José - Severino de Mello Bandeira

Gonçalo S. de Mello Bandeira
22 agosto 2025