twitter

O crente é perito em quê?

Ainda há muitos cristãos no mundo. Mas será que se nota muita presença cristã no mundo?

Nas palavras e nos gestos, nas ações e nas atitudes, mostramo-nos «peritos» em diversas áreas do saber e do agir, excepto n’Aquele que matricia a nossa condição ontológica: Deus.



 

Ser crente é ser «perito» em Deus. É trazê-Lo nos lábios e transportá-Lo na vida.

O crente é, fundamentalmente, aquele que «inspira Deus» e «expira Deus». Para ele, a «atmosfera» será sempre uma «teosfera».



 

O nosso problema – como avaliou George Augustin – é que, «nas últimas décadas, abdicámos da prioridade de Deus».

Para este teólogo, «a Igreja no mundo ocidental não anuncia suficientemente o amor de Deus».



 

O antropocentrismo de muitos cristãos nem sequer favorece o homem. 

Não consegue entender que «tudo quanto há de bem ou de belo no homem é um reflexo da bondade e da beleza de Deus».



 

Em contrapartida, o teocentrismo desponta como o que mais humaniza o homem. 

É «quando amo a Deus que recebo forças para amar o próximo»: «o amor a Deus conduz ao amor ao próximo».



 

Não negligenciemos que não poucos, longe da Igreja, atestam que, nela, «encontram muito pouca transcendência, muito pouca espiritualidade».

«Há decisores da Igreja que raramente colocam a espiritualidade e a questão de Deus em primeiro plano». A nossa prioridade tem de ser «levar as pessoas a Deus e falar-lhes de Deus».



 

Concretamente, a Teologia tem de se concentrar não tanto «na divulgação de problemas científicos, mas no anúncio de Deus». Por tal motivo, os teólogos têm de ser «professores da fé».

A Teologia «tem de servir a fé: tudo o que faço, na Igreja ou em nome da Igreja, deve vivificar a fé e tornar possível o amor».



 

O «amor de Deus é o máximo e o último já que Deus não pode dar mais do que Ele próprio. Deus é um “forno” incandescente e cheio de amor».

Percebe-se, assim, que «um professor tenha de se tornar um mestre de vida».



 

O foco «está na gratidão a Deus e na adoração que Lhe é devida». 

Quando reconhecemos que «Deus está em primeiro lugar, compreendemos que a Igreja não é mais uma ONG, entre muitas outras». A força «para o compromisso social brota da relação com Deus».

 

Se todos os que têm responsabilidades na Igreja «relacionarem aquilo que fazem com Deus – de modo a que as pessoas sintam que estão a lidar com homens e mulheres de Deus –, então a Igreja ganhará tons diferentes».

Se discutirmos com base no Evangelho, «seremos uma Igreja linda e maravilhosa». E discutir a partir do Evangelho «significa viver a minha relação com Deus». Não é isso que importa?

João António Pinheiro Teixeira

João António Pinheiro Teixeira

19 agosto 2025