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Tosquia e maternidades

É “normal” nos dias de hoje ouvir-se avisos de que maternidades e certos serviços hospitalares, pelos motivos mais disparatados, estão ou ficarão encerrados. O povo que pague a factura do que possa ser injusto ou inaceitável.


 

Em Portugal, o Governo XVIII do senhor Sócrates – de 2005 a 2009 – foi o primeiro que anunciou e fechou várias maternidades e, os portugueses deixaram correr, à excepção d’algumas mulheres que, no início, pelas lamúrias apresentadas, eram futuras mães e outras tencionavam sê-lo.


 

Recordo, a propósito deste nosso continuado caso (serviços de saúde encerrados e anarquizados, com corrupção pelo meio) – que nunca foi para melhorar serviços, mas sim para engordar bolsas de interesses organizados. Há um desprezo visível na falta de creches, de maternidades, de lares para idosos e de serviços que encerram só porque sim. 


 

Damos um exemplo desse desprezo dos governantes:


 

Na vida militar do meu tempo (1965 a 1969), dizia-se que as mulheres dos soldados, andavam “prenhes” e, portanto, iriam parir; que as mulheres dos sargentos andavam “grávidas” e, portanto, iriam ter filho; e que as mulheres dos oficiais, se encontravam em “estado delicado” e, portanto, iriam ter bebé.


 

Assim, nesse tempo, quem fosse “parir”, era em casa ou com a ajuda d’alguma habilidosa; quem fosse ter um filho, chamava uma carroça puxada a cavalos e – com uma cunha – entrava no hospital; quem fosse ter bebé, socorria-se dum táxi e, o parto, iniciado em cómodos compartimentos, terminava com a notícia nos jornais.


 

Tudo isto, era o ambiente social de então. As coisas eram assim, poucos pensavam no porquê destes costumes e, falar, não era aconselhável.


 

São já passados mais de cinquenta anos destas diferenças sociais e, o povão actual – por lavagens cerebrais diferentes, feitas por políticos de luvas e gravatas bem colocadas – continua a ser o sofredor de sempre, o carneiro sem lã, uma vez que a tosquia ou a rapacidade teima em permanecer.


 

As parturientes, pelo que se tem visto neste ano de 2025, terão de voltar a “parir”, para se meter dinheiro nos cofres do Estado. Depois, através dos senhores governantes, faz-se a distribuição da massa para outros casos mais importantes, que parir.


 

As senhoras dos cavalheiros das cidades mais evoluídas do país vão continuar garantidas: serão sempre senhoras no seu “estado delicado”, enquanto as outras já vão parindo nas carroças com a ajuda dos habilidosos (bombeiros), até à maternidade mais próxima. 


 

Pergunto: e se algum nascido, por causa da viagem ou pelo atraso no parto, morrer na carroça (maca), quem chamará criminosos aos responsáveis ou que pagarão pelo crime acontecido?


 

Os Governos destes últimos anos têm tido uns políticos tais, que no tempo do ditador Salazar nem para contínuos da Assembleia da República serviam! Têm sido, quase todos, autênticas aves de rapina, onde o povo, apenas serve para participar – mas mal-esclarecidos e/ou enganados em todas as eleições concretizadas. 


 

Os problemas do país, as necessidades locais, o cancro do desemprego, a saúde desorganizada e cara para quem adoece e, o ensino, bem como a paz e o profissionalismo que se deseja entre pais e professores, não resolvem. O tempo sabe esperar e não é exigente.


 

Cinicamente, deixam-se badalar, esfolam os pobres já sem carne à vista, para depois distribuírem milhares de euros por madraços e pessoas altamente duvidosas, conforme se vê e facilmente se sabe. 


 

Os políticos que se passeiam nos Ministérios como ratos nos esgotos, é que têm de ter maternidades à porta, lucros, honrarias, etc., pois são os representantes do povo, são os sacrificados pelo povo, são os defensores do povo e que garantem que as mulheres terão de parir-bem: em serviços organizados, onde os nascidos nunca morrerão no parimento e que nunca serão trocados ou raptados por quem quer que tente! 

Portanto, o povo-povo, pode parir à vontade nas estradas, pois tudo está organizado e as estradas até têm sinais de trânsito. Pobre povo! Sempre a sofrer, com tretas e tanga.


 

Só que, os que exercem ou fazem política podem não ter pés, mãos ou outras coisas quaisquer. O que não se admite neles, porque pagos, é que não tenham ideias em prol de quem os elege. Não as tendo, não passam de penedos que estorvam, aleijando quem passa no caminho.

 

E se a política é uma arte, que não pode ser adquirida em águas estagnadas, por falta de filosofia, de paixão e de psicologia como não tem tido, como acreditar nesta gente, como confiar?


 

Tal política da mentira e da distribuição de rebuçados a tansos, é a política deles, pois claro!


 

 

(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990) 

Artur Soares

Artur Soares

8 agosto 2025