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Preconceitos do passado com efeitos no presente

 



 

 



 

Nos episódios da vida – social, política, económica e até religiosa – encontramos, por vezes, situações em que o passado das pessoas pode vir a condicionar – ao menos teoricamente – o desempenho de compromissos futuros. Há casos de boa reputação e outros de nefasta influência. Alguns com décadas de ocorrência e outros com meros dias de vivência. Muitos dos casos e das situações são nitidamente manipulados por forças órfãs das suas regalias ideológicas... Causa pavor prever certas consequências, se continuarmos no ritmo já visto.



 

1. Sem querer fulanizar o tema deste preconceito trago à memória as recentes indicações do próximo presidente do BdP, na medida em que, sem atender à qualidade humana da pessoa, logo foram escarafunchar àquilo que ele foi em tempos de dificuldade e de exigência na nossa história recente, como foi a época da troika. Numa visão atroz sintomática do nosso ‘eu coletivo’ podemos perceber, neste caso em concreto, que há quem faça leituras dos outros a partir do seu pedestal ideológico, nem que para tal implique distorcer dados quase objetivos. Nota-se que a maior dos fazedores do jornalismo – seria bom que fosse de comunicação social – tem uma grelha demasiado de bolha falida noutras paragens e, sobretudo fora da realidade concreta dos interesses das pessoas no seu quotidiano...

2. Por estes dias uma publicação online trouxe-nos à memória episódios dramáticos da década de oitenta do século passado, intitulado – ‘1983: Portugal à queima roupa’, segundo a própria promoção como tratando ‘a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e uma execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente’. Talvez seja bom recordar para alguns que transpiram de insegurança o que foram os anos setenta e oitenta do século vinte no que a ações terroristas vivemos na Europa e no mundo. Nomes como ‘brigadas vermelhas’, ‘ETA’, ‘badn meinhof’, IRA ou mesmo ‘brigadas revolucionárias 25 de abril’ deixaram fama, convulsão e rastos de morte... e hoje muitos dos filhos e filhas desses ‘heróis’ de antanho ocupam ou já estiveram em parlamentos nacionais. Por que será que a ‘direita’ esquece mais depressa os crimes contra as suas ideias do que a ‘esquerda’? Até onde irá a assunção dos erros e atrocidades de uns e de outros? O espetro das malfeitorias tem cor e não precisa de ser-lhe aplicada a justiça?

3. Na pacatez da Europa sentada à sombra daquilo que nada fez para ter paz ou mesmo para ter sucesso económico vemos campear uma certa onda de paz podre e prenhe de vícios, amoralidades e ideais de quase auto-destruição da civilização cívica com marcas cristãs. Quem sabe ou conhece as razões da destruição de ‘sodoma e gomorra’, narrada na Bíblia (Gn 18, 16-19,25)? Quem ousaria trazer à luz do dia as causas da implosão das ditas cidades por ‘fogo e enxofre’? Será que idênticas causas não trarão iguais consequências?
Lemos nas notas da Bíblia, edição do capuchinhos; «A história, muito antiga, da destruição de Sodoma (e de Gomorra) é uma explicação popular (etiológica) das ruínas de cidades antigas que existiam nas margens do Mar Morto ou Mar do Sal (14,3). A passagem de Abraão e de Lot por aquele lugar (10,19; 13,10; 14; 18,16) foi associada àquelas ruínas, dando-lhe um sentido teológico profundo acerca do pecado humano e da justiça de Deus. A Bíblia associa Sodoma e Gomorra à vida depravada: em Is 1,10-20, são exemplo de injustiça social; para Jr 23,14, sinónimo de adultério e falsidade; Ez 16,49-50 vê em Sodoma o orgulho e o desprezo do pobre; Lv 18 e 20,23 vê nestas cidades um exemplo da depravação sexual dos cananeus».

4. Até onde irá a nossa inconsciência pessoal e coletiva quanto ao rumo para onde caminhamos: o abismo? Bem nutridos, mas sem razões profundas de viver. Cada vez mais percebemos que Deus não conta e nos entretemos em discussões de ‘lana caprina’ como as recentemente verificadas sobre a disciplina de cidadania nas escolas. Não haverá um objetivo claro e objetivo de fazer das coisas secundárias assuntos importantes, tornando estes notas de rodapé sem outra coisa que seja promover os seus, que nada valem, mas enfeitam!



 

António Sílvio Couto

António Sílvio Couto

4 agosto 2025