Afinal, somos todos programadores e não sabíamos! Finalmente, ao fim de umas décadas, podemos dar ordens a um computador literalmente em linguagem natural. Fazer um “prompt”, ou seja, um pedido a um qualquer chatbot de IA, não é mais do que fazer um pequeno (ou grande!) programa de computador. E, como já falámos aqui no início do ano, a propósito da comparação com a liderança de pessoas, fazer um bom prompt é dar boa informação, contexto, entre outros cuidados, para melhorar o resultado. De facto, muitos utilizadores sentem frustração com os resultados. As respostas parecem genéricas, longas demais ou pouco úteis. O problema, na maioria dos casos, não está na IA, mas na forma como se faz o pedido.
Por isso, agora de forma mais pedagógica, vamos partilhar neste espaço o essencial das boas práticas de Engenharia de Prompts, para melhorar e potenciar a colaboração com IA de todos nós, segundo as boas práticas da OpenAI, a empresa responsável pelo ChatGPT. Assim, aqui ficam 6 passos fáceis para usar a IA como um verdadeiro profissional.
1> Concretizar: Pedidos vagos geram respostas igualmente vagas. A IA não interpreta intenções escondidas: responde com base no que está escrito.
Exemplos: ❌ "Fala sobre alimentação." ✔ "Escreve um parágrafo com três conselhos simples para melhorar a alimentação de uma família com crianças pequenas."
2> O contexto é tudo! Quanto mais informação relevante for incluída no pedido, melhor será a resposta. É importante indicar o público, o tom, a finalidade e qualquer detalhe que ajude a IA a compreender o cenário. Não é descabido um prompt com 400 ou 500 palavras com todo o contexto do pedido.
Exemplo: ✔ "Criar um pequeno texto para um folheto de supermercado sobre como evitar o desperdício alimentar, com linguagem simples e sugestões práticas."
3> Indicar o formato desejado: A IA pode responder em parágrafos, listas, quadros, códigos ou até esquemas. Quando não se indica o formato, o modelo escolhe por si, nem sempre da forma mais útil. Por isso, indique tamanho da resposta, tom e formato. Inclua exemplos de como pretende a resposta.
Exemplo: ✔ "Cria uma tabela com cinco ideias curtas para poupar eletricidade em casa, com uma frase explicativa em cada ponto e a % estimada de poupança."
4> Ajustar e melhorar o conteúdo: A primeira resposta da IA não tem de ser a versão final. Tal como com um colaborador humano, é possível pedir alterações: tornar o texto mais curto, mais leve, mais técnico ou com outro enfoque, ou ainda focar um determinado aspeto e melhorá-lo.
Exemplo: ✔ "Agora transformar este texto numa publicação para redes sociais, com tom informal e direto."
5> Utilizar linguagem natural, mas específica: Não é necessário utilizar jargões técnicos, mas também não se deve escrever de forma demasiado genérica. Um bom pedido usa palavras simples, mas com clareza sobre o tema.
Exemplos: ❌ "Fala sobre finanças." ✔ "Explica, de forma acessível, como funciona um crédito habitação com taxa variável."
6> Criar a sua biblioteca de prompts: Alguns pedidos funcionam tão bem que vale a pena guardá-los. Ter uma pequena "biblioteca" de prompts eficazes, por tipo de tarefa ou tema, permite poupar tempo e manter a qualidade dos conteúdos. Guarde também prompts parciais para garantir determinados resultados, formatos, tom, filtros, retirar dados pessoais, etc., que pode acrescentar a outros prompts de forma incremental.
Exemplo: ✔ Um bom prompt para gerar receitas saudáveis pode ser ajustado para diferentes públicos: "Sugere três jantares saudáveis e económicos para uma família de quatro pessoas, com ingredientes que se encontram num supermercado comum."
Em suma
Tal como acontece com qualquer ferramenta, a inteligência artificial produz melhores resultados quando é bem utilizada. Fazer um pedido claro, estruturado e alinhado com o objetivo é essencial para obter respostas úteis, práticas e fiáveis. Estas boas práticas aplicam-se a tarefas do dia a dia, tanto no trabalho como em casa, seja ao redigir um e-mail, preparar uma legenda para redes sociais, planear uma ementa semanal ou organizar ideias para um projeto.
A inteligência artificial veio para ficar, e saber comunicar com estes sistemas tornar-se-á uma competência tão natural como pesquisar na internet ou escrever com clareza. O investimento é simples, mas os ganhos em produtividade e qualidade compensam amplamente.
