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Diogo Jota, Cernadilla e um telefone na av.ª de Roma



 

 

Com a idade…). Quanto mais anos vivemos, mais fácil é acontecerem nas nossas vidas, coincidências, curiosidades ou mesmo coisas extraordinárias, as quais dificilmente conseguimos explicar. Mas o que vou narrar a seguir, é verdadeiro; e falo sob compromisso de honra. Aliás, algumas dessas improbabilidades que me aconteceram, já aqui as narrei separadamente, em outros trabalhos.

Coincidências, prodígios e curiosidades que já aqui narrei). Uma delas foi a de, numa das minhas 4 viagens pela antiga Iugoslávia, com o pequeno Nissan 1.3 a precisar de mudar de óleo, fui a uma oficina dos arredores de Belgrado e o dono, homem algo gordo, careca e de olhos azuis, me revelou que era primo (ou cunhado, já não me lembro) do famoso Filípovitch, do Benfica. Ora, a única vez que estive, aliás por mera coincidência e anos depois, ao lado de Filípovitch (e de Drúlovitch), os quais cumprimentei, foi numa manifestação, em Coimbra (pela qual, garanto, eu só ia a passar, mas confesso que me solidarizei), contra os bombardeamentos de Madeleine Albright sobre a Sérbia e Belgrado em particular, durante a “guerra pelo Kosovo”. Essa “manif” teve lugar num espaço que deveria ser mais ou menos “sagrado” para o povo português, pois fica à porta da famosa igreja de Sta. Cruz, onde está sepultado D. Afonso Henriques. Foi aliás nesse exacto lugar que, outra vez por mero acaso eu havia, anos antes, estado quase ao lado (pela 1.ª vez) de duas pessoas da minha maior estima: D. Duarte, o actual duque de Bragança; e do antigo presidente Ramalho Eanes. Já outra coincidência, diferente, foi a de, com gripe e a querer chegar de carro à Escócia, tive de voltar para trás na nebulosa e larga baía de Solway Firth, muito a norte de Liverpool, cidade onde havia dormido (em Warrington). Só anos depois, eu soube que foi lá que morreu um dos meus heróis políticos, o rei inglês Eduardo I. O qual, depois de finalmente ter anexado Gales, fazia mais uma tentativa (falhada) para conquistar a Escócia (em 1307). Regressei pela muralha de Adriano, por Newcastle e só me curei com antibióticos administrados num hospital, em Limoges. 

O Irão e uma cabine telefónica, junto à avª de Roma). Como já devem ter notado, eu não sou propriamente simpatizante, nem do Irão nem de Israel, países aliás cujas línguas conseguem soar ainda pior que a arrevesada língua basca. Porém, intuitivamente (sabe-se lá porquê) eu seria incapaz de fazer mal a um judeu, apesar do Israel de hoje nos fazer perder de vez a paciência. Mas vamos então ao prodígio. Estávamos nos anos 90 e em 79 eu vivera a inesperada queda do Xá (M. R. Pahlevi) como um assunto trágico, que envolveu a morte de algumas centenas dos seus seguidores. Com o tempo haveria de me adaptar ao regime teocrático (hoje, legítimo) que se lhe seguiu. Mas à época, numa das minhas deslocações a Lisboa (para matar saudades do tempo feliz do início do meu curso de Direito), calhou de ir a uma livraria e aí comprei um livro (verde) de evidente propaganda contra o regime islâmico de Khomeini. E ri-me bastante de certas práticas da higiene diária, uma delas que envolvia o uso de pequenas pedras para limpeza de certa parte do corpo. Ao ponto de, nessa tal cabine, numa conversa que tive (por outros motivos) com o meu tio-avô e padrinho (o dr. Arnaldo Coelho, médico e 1.º autarca da Feira depois de 1974) ter gozado um pouco com o assunto. Distraído, abandonei a cabine e deixei lá ficar o livro. Dei por ela ca. de 20 segundos depois; voltei logo para trás, mas já lá não estava o livro. Não ia quase ninguém a passar, não suspeitei de ninguém… Mas, castigo divino (?), nunca mais o recuperei…

Diogo Jota acaba de ter uma morte atroz em Cernadilla, Zamora) Eu sou, de há muito, um colecionador de mapas topográficos, detalhados. E tenho, por províncias, os de toda a Espanha. Os primeiros que comprei (uns 5 ou 6) foram numa célebre livraria de Londres, perto do Covent Garden. Foi há ca. de 30 anos e um deles (aliás, usado) era da província de Zamora. Ao contrário das centenas de mapas que já comprei, aquele trazia um quadradinho de fino plástico transparente colado por cima de certa parte; mas sem nada tapar ou acrescentar. Há dias, ao saber que o astro de Gondomar (e do Liverpool) morrera carbonizado a leste de Puebla de Sanabria, em Cernadilla, lá recorri ao mapa a ver onde é que “isso” ficava. Pois ficava exatamente no centro do dito quadrado transparente!! Estranhas formas que tem um Deus (que tantas vezes temos por “ausente”) nos mandar irónicas mensagens? A mim, que em 2016 me salvei de um outro rebentamento de pneu, mas saí ileso?

Eduardo Tomás Alves

Eduardo Tomás Alves

15 julho 2025