Vai esta NORTADA choradinha e pesarosa como recomendam as boas regras de cortesia e salamaleque, assim a modos que... um fadinho bem-mandado e orquestrado; e que, amigo leitor, vou-me a banhos e não sei mesmo se para melhorar ou piorar as férias e o fisico, tantas são as confusões e congestões que agosto arrasta por tudo quanto é lado.
Mas, pelo menos, ir a banhos, tem o grande condão e aventura de se poder andar alguns dias, no ano, descalço e em cuecas (vulgo fato de banho) sem se deixar de ser civilizado, europeu; sobretudo, agora, que alguns senhores e senhoras da política partidária resolveram alargar os horizontes higiénicos e de boas maneiras de muitos portugueses os portugueses, nas praias, por uma simples questão de modernice e medidas turísticas, sem que alguém, eleitoralmente, lhes desse autorização para tal, pois, não me consta que nos seus programas eleitorais existisse propostas para pôr o país em férias desse jeito, mas, tão-só, para o aumento dos impostos e da estagnação dos vencimentos da Função Pública.
Pois é, porque quanto ao resto, isto é, termas ou praia, campo ou montanha são, a meu ver, estados de espírito que cada portuguesinho bem encaixa à sua maneira na caixa dos pirolitos; ora, daí, que do encantamento que e um pedaço de céu a cair de um penhasco à luxúria que tem um palmo de areia gozado de papo para o ar e com o sol a arder no lombo, vá, simplesmente, a distância que separa um poeta de um marialva.
Todavia, a receita de ir a banhos que, noutros tempos, o médico de aldeia prescrevia a certos pacientes tinha, no fundo, um grande objetivo higiénico para a maioria deles e que era regressarem bem lavadinhos da praia, depois de trinta banhos de mar; e compreende-se, mormente quando o regador ou o balde eram os únicos chuveiros e as hortas os quartos de banho da maioria dos aldeões de antanho.
Hoje, ir à praia é grande moda muito menos para ir a banhos e mais para tostar ao sol e, depois, exibir no regresso ao trabalho o caraterístico bronzeado como forma de afirmação pessoal e imposição social e até política (não há político que se preze que não vá, pelo menos uma semana, a banhos para os algarves); e esta moda consigo arrasta, obviamente, inúmeros exageros e apegos capazes de espoletar formas de pacovice e dependência malsãs.
Porém, muitas praias começam a ser caminhos de doenças, poluídas como estão pelos famosos coliformes fecais e pelos elevados teores de metais pesados (mercúrio, chumbo, zinco, cobre, cádmio) e, até, por invasões constantes de altos teores de plástico; e, assim, o amigo leitor pode imaginar a porcaria que mete para os seus interiores, quando ao mergulhar nas salsas ondas bebe umas goladas de água sem querer, além de que o sol mal gozado e muito abusado responsável é por graves doenças da pele.
Pois é, mas, mesmo assim, o povão não desarma, nem desanima e está sempre à espera de poder zarpar para os areais e neles se esticar e refastelar a qualquer hora sem problemas; mormente, a pôr à frente destes perigos para a sua saúde e dos seus ao gozo e a falta de alguma engenharia médica e higiénica.
E eu também la vou, embora sem exageros e descuidos, poluir-me e entediar-me, dado que a idade já não está muito para folias e desajustes inconvenientes, respondendo, apenas, aos caprichos e solicitações da família, mormente da netada, por quem os avós curtem grandes aconchegos e cedências, que passa muito ao largo destas nossas congeminações e contenções; e se por lá se pavonear algum troglodita à pai Adão justo é que seja visitado por uns assanhados escaldões para que tenha juizinho e boas maneiras que e coisa, infelizmente, não sobrante, corno exigem as leis do bom senso, ao zé-povinho.
Então, boas férias e ate setembro.