Caro(a) eleitor(a),
Este é o número que resultou da (não) participação no ato eleitoral que mais nos aproxima do exercício do poder político democrático eleito: a eleição dos órgãos autárquicos, ocorrido a 26 de setembro de 2021. Braga, com 166 mil 180 inscritos, registou uma participou inferior à centena de milhar, ficando pelos 94 mil 692 votantes, motivo para estarmos duplamente preocupados. Primeiro, porque há quatro anos, mesmo com uma mobilização da sociedade civil, em torno do Movimento de Cidadania Contra a Indiferença, criado em abril desse ano e ainda que tenhamos de ter em linha de conta o aumento do número de inscritos, a abstenção aumentou ainda que uns escassos 0, 69%; segundo porque uma cifra desta natureza coloca Braga entre um dos concelhos com maior percentagem de abstencionistas. Se o quadro no concelho é mau, o quadro no distrito é péssimo: 46,35 por cento, o que coloca esta região na média nacional da abstenção registada há quatro anos, o segundo pior desde que há eleições autárquicas, dado que pior só mesmo em 2013, com 47,4 em todo o país. É interessante, verificar, neste capítulo dos números, alguns dados curiosos: nas primeiras eleições realizadas em 1976, tivemos uma taxa muito elevada quando comparada com as eleições legislativas: 35.4 por cento, acabando por ser 1979 a bater o recorde de participação com 73.8 dos eleitores a irem às urnas. Desde então e até às eleições de 2009, esteve sempre muito próxima da casa dos 40 por cento. Desde então nunca mais abandonou esta cifra. Nas próximas eleições de 12 de outubro, Braga terá mais mil 653 inscritos, totalizando os 167 mil 833 eleitores com capacidade de votar, dos quais 448 são cidadãos da união Europeia e 353 cidadãos estrangeiros residentes em Braga. Quer em Braga concelho, quer no distrito seremos confrontados com a necessidade de dar continuidade à dinâmica que se instalou em Portugal com as eleições legislativas antecipadas realizadas em 2022, reduzindo a abstenção para a casa dos 30 por cento. Vai depender não só dos cidadãos, mas também das candidaturas, da forma como se apresentarem ao eleitorado e da capacidade que tiverem para motivarem os eleitores. Será importante a realização de diferentes debates em diferentes palcos, a apresentação pública dos programas e a sua ampla divulgação, de forma estratificada e temática para que se possa fazer o exercício de comparação tão necessário a quem tem de escolher de forma informada e consciente. Seremos confrontados nestas eleições, como nunca fomos antes, com a amplificação, nas redes sociais, de mentiras, manipulações e denúncias anónimas a merecerem uma atenção muito especial das autoridades para que o processo eleitoral e os(as) candidatos(as) não sejam prejudicados(as) com manobras dilatórias, destinadas a perturbar e a inquinar a escolha livre dos cidadãos. Estas eleições ocorrem a poucos meses de iniciarmos as comemorações dos 50 anos do poder local. 2026 será, assim, um ano distinto, importante e fundamental para reafirmarmos as suas qualidades com mais autonomia, com mais meios financeiros e com mais responsabilidade criando condições para que o exercício do poder local esteja ao nível dos grandes desafios que enfrentamos em conjunto na Europa.