O futebol atual percorre alguns caminhos que podem ser perigosos, a diversos níveis. Vamos por partes, tentando separar as águas.
A FIFA, organismo que rege o futebol mundial, sentiu necessidade de responder à ameaça de alguns clubes, que fizeram pairar no ar a ameaça de fazer uma competição alternativa, entre determinados clubes, fora da égide oficial. Seria uma espécie de mundo paralelo ao das competições oficiais. E assim nasceu o novo Mundial de Clubes, que este ano se disputa nos distantes Estados Unidos da América (EUA). Esta nova competição teve critérios muito duvidosos para a escolha dos clubes que a iriam disputar, mas prometia o acesso a mais alguns milhões de euros, ou de dólares, além de uma visibilidade acrescida, pelo que nenhum clube foi capaz de recusar. Porém, o facto de algumas equipas terem terminado tarde as suas competições, a que se juntou a disputa da Liga das Nações, e de estarem muito em breve envolvidas em eliminatórias de acesso a nova época europeia, faz com que a densidade competitiva de alguns jogadores, sem o devido descanso, possa conduzir ao aumento exponencial de lesões no futuro próximo, dado que alguns atletas fazem por época, entre clubes e seleções, um número absurdo de jogos porque o dinheiro fala sempre mais alto, mesmo que se diga que “o dinheiro não fala”.
Recentemente, Cristiano Ronaldo renovou pelo Al Nassr por mais duas épocas, acordando números obscenos nos seus dividendos que os árabes irão pagar pelo seu desempenho, quando a sua idade já contempla a ternura dos quarenta. Todavia, o clube da Arábia Saudita não compra apenas o atleta, mas toda a marca que ele representa a nível mundial. São um absurdo os números que se observam nesta renovação de contrato à luz da atualidade, numa altura em que a fome entra no léxico de muitas populações a nível mundial. Obviamente que não é por causa do dinheiro que CR7 ganha que fome existe por esse mundo fora, mas não deixa de ser chocante ler os números que serão pagos mensalmente, pelo que nem os vou colocar neste texto.
A outro nível, o SC Braga apresentou a sua bonita camisola principal para a nova época, numa cerimónia que contou com quase três centenas de ilustres convidados. O critério era simples e desta vez contemplava quem assistiu a todos os jogos caseiros dos Gverreiros do Minho na época anterior.
A entrada para a cerimónia tinha diversas cadeiras reservadas, de modo aparentemente aleatório, o que não deixava perceber que os jogadores da equipa principal iam surgir ali durante a cerimónia com a nova camisola vestida, misturando-se intencionalmente com os adeptos, sendo acompanhados pelos elementos da equipa técnica. Foram momentos de convívio, entre equipa e adeptos, que podem servir de motivação para que na próxima época possam ser mais os contemplados. Todos sorriam e posavam para as fotografias da praxe, numa ação que visou premiar os fiéis adeptos da temporada anterior e aproximar um pouco mais “o relvado e as bancadas”. O evento finalizava com a possibilidade de os convidados adquirirem de imediato a nova camisola com um desconto suplementar. As camisolas venderam a bom ritmo, algo que se deseja com extensão nos próximos tempos. Afinal, uma Legião bem vestida, sem contrafação, é certamente mais aprumada e melhor identificada.