1. É um facto o descrédito em que, em alguns meios, a política se encontra.
Reconheço a existência de bons políticos a quem presto homenagem. Não quero nem devo generalizar. Mas não deixo de reconhecer a existência de políticos que… valha-nos Deus! Há que ter a coragem de os substituir, e quanto mais cedo melhor. Há que ter a coragem de, em nome da decência e do bem comum, dizer a alguns políticos que tratem de outra vida.
2. A política não deve ser refúgio de impreparados ou oportunistas.
Um político é um homem que serve sem se servir. Que não vive isolado em gabinetes a ler relatórios, às vezes mentirosos, que lhe enviam. É, como dizia um saudoso amigo meu, alguém que também pisa o tojo e não apenas a alcatifa.
É dever do político conhecer as circunstâncias em que vivem as pessoas a cujo serviço está, as necessidades que têm, as dificuldades com que se debatem, as justas aspirações que alimentam. E estudar a forma de a todos dar melhores condições de vida, ouvindo quem devem ouvir e escutando quem melhor o pode aconselhar mesmo que se trate de pessoas a militarem noutra área. O verdadeiro político tem a humildade suficiente para reconhecer que não sabe tudo de tudo e necessita de pedir ajuda a fim de bem poder servir.
Político é um homem que respeita os homens seus irmãos. Que sabe acolher e ouvir letrados e ignorantes, ricos e pobres, quem o aplaude e quem o critica, para com todos sendo correto e educado.
3. A política credibiliza-se com pessoas que têm um grande amor à verdade. Que sabem dizer sim e não. Que não andam ao sabor dos ventos afirmando hoje uma coisa e amanhã o seu contrário. Que não escondem o que deve ser do conhecimento de todos. Qua atuam sempre com a recomendável transparência prestando contas a quem, como e quando devem ser prestadas.
Saber a gente de políticos que informam de moradas falsas para que recebam subsídios a que não têm direito, que se dão como presentes em reuniões em que realmente não estiveram, que são profissionais da mentira…
4. A política credibiliza-se com pessoas cujo estilo de vida pode ser apontado como exemplo ao comum dos cidadãos.
Que defendem e praticam uma justiça rápida e igual para todos, sejam ricos ou pobres. Que não identificam moralidade com legalidade. Que respeitam a lei natural. Que não fazem nem aprovam leis à medida dos seus interesses ou dos interesses dos seus amigos. Que não andam com arranjinhos.
A política credibiliza-se com pessoas que respeitam todos quantos pensam de maneira diferente. Que em todos reconhecem a dignidade de seres humanos. Que sabem discordar sem ofender e não conspurcam os debates com gestos de grosseria ou manifestações de falta de educação.
5. Credibiliza-se a política colocando sempre o bem comum acima dos interesses particulares e dedicando especial atenção à defesa dos mais frágeis e marginalizados.
Hierarquizando as diversas necessidades de modo que, não podendo resolver tudo, se não falte no essencial. Resistindo à tentação de privilegiar o mais vistoso em prejuízo do mais útil e urgente ou de gastar dinheiros públicos em obras faraónicas de pouca ou nenhuma utilidade.
Administrando os bens da comunidade com um cuidado semelhante ou superior àquele com que gerem os bens próprios.
Não entretendo o povo com festas e festinhas para que deixe de pensar no essencial.
6. Na escolha de colaboradores o político a sério coloca em primeiro lugar os critérios da consciência, da competência, da honestidade.
O bem comum não se compadece com a existência de maus políticos e de más políticas.
Não há como reler a Fratelli Tutti, do saudoso Papa Francisco, assim como recordar os pais fundadores da Comunidade Europeia, onde avultam nomes como os de Robert Schuman, Konrad Adenauer, Alcide De Gasperi.