A gestão de recursos humanos (RH) ou de pessoas (GP) sempre foi um fator-chave para o bom funcionamento das Organizações. Em cada era, em cada geração, são muitos os desafios que se lançam sobre esta área organizacional e que levam a transformações mais ou menos profundas na organização do trabalho. O avanço da tecnologia, a globalização e as mudanças nos perfis dos trabalhadores são, certamente, o mote para uma nova era, para novos paradigmas.
Curiosamente, a desmaterialização, a inovação tecnológica, o boom da inteligência artificial poderão estar a contribuir para uma necessidade cada vez maior de um novo olhar sobre as relações no trabalho, num equilíbrio precário, mas fundamental para as Organizações.
Historicamente, a gestão de pessoas – vamos chamar-lhe assim – esteve ligada a funções mais operacionais: processamento da retribuição como contrapartida do trabalho prestado, tendo por base a legislação vigente.
Mais tarde, surgiram práticas mais voltadas para a motivação, bem-estar e desenvolvimento dos trabalhadores.
Atualmente, este setor é percecionado como estratégico, como fundamental para a construção de uma cultura organizacional saudável e para a manutenção de um ambiente de trabalho produtivo, comprometido e ético. Para tal, revela-se fundamental promover um olhar mais próximo, sensível, ético e empático sobre cada pessoa que integra a Organização.
Esta forma de gerir valoriza aspetos como a empatia, o respeito, a solidariedade, a escuta ativa, a responsabilidade social, o desenvolvimento pessoal e coletivo e a ética. Estas qualidades traduzem práticas que valorizam todos quantos trabalham nas Organizações, independentemente do cargo ou da função, não apenas como um recurso produtivo, mas como um indivíduo com necessidades, expectativas, sentimentos e potencialidades. Um bom Gestor de Pessoas reconhece a complexidade humana e procura equilibrar os objetivos organizacionais e os pessoais, promovendo simultaneamente o bem-estar dos trabalhadores e os bons resultados da Organização.
É fundamental não cair no equívoco de confundir esta abordagem com postura simpática por parte de quem lidera: trata-se de implementar políticas e práticas consistentes que reflitam o compromisso com cada pessoa, tal como ela é.
Liderar é criar empatia, é colocar-se no lugar do outro, compreender as dificuldades, escutar ativamente e promover um ambiente de confiança, maior envolvimento, maior motivação e propício ao desenvolvimento pessoal e profissional da equipa.
Liderar é comunicar de forma humanizada e clara, transparente e com respeito, promovendo o diálogo e a participação, criando vínculos e reduzindo conflitos.
Liderar é estar atento à saúde mental. O apoio psicológico, os horários flexíveis, ambientes de trabalho saudáveis e o respeito pelo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional são formas de demonstrar esse cuidado.
Liderar é ter a capacidade de incluir diferentes perfis, culturas, histórias e perspetivas. É esta riqueza que fortalece as organizações.
Liderar é valorizar e investir na equipa de trabalho. Projetos desafiantes, capacitação permanente, feedbacks construtivos e oportunidades de desenvolvimento reforçam o compromisso da Organização com as pessoas.
Liderar é decidir: pior do que decidir mal, é não decidir, prolongar a expectativa e não dar respostas.
Liderar é um serviço: não é “ser servido”, mas sim “servir”, “estar ao serviço”.
Não é fácil, nem simples gerir pessoas. As Organizações têm ainda enraizados modelos tradicionais e hierárquicos, onde a mudança pode encontrar resistência.
No entanto, o caminho faz-se caminhando e é nos desafios que se encontram as vitórias. Não há receitas, mas há ingredientes que, quando se juntam, podem dar origem a algo de bom. Se o líder conhecer o clima e a cultura organizacional, se auscultar e debater com a equipa, se a envolver na tomada de decisão, se definir políticas e ações claras, com metas, indicadores e mecanismos de avaliação contínua, se der feedback e ajustar as práticas organizacionais, está mais próximo de conseguir algo de bom.
Nestes tempos, marcados por rápidas transformações sociais, tecnológicas e culturais, a gestão de pessoas precisa de se reinventar. Cabe às lideranças assumirem o protagonismo dessa mudança.