Nas empresas há tanto por onde crescer com tudo o que a tecnologia nos trouxe nos últimos meses. As oportunidades são imensas e surgem todos os dias. Confesso que estou muito curioso (e sim, algo ansioso!) por ver os primeiros impactos reais do que andamos a fazer com IA nos negócios. Sobretudo naquilo que pode representar um futuro diferente, mais inclusivo, que potencie a ambição, a excelência e, por consequência, o sucesso do nosso tecido empresarial.
Já no plano pessoal, mais focado nas nossas tarefas, estamos todos os dias a refinar o modo como nos posicionamos perante a IA. Nas nossas rotinas, no trabalho e até nos pequenos momentos. Como tiramos real partido? O que devemos deixar de fazer? E o que vale a pena manter?
Estaremos a ficar para trás se não usarmos IA em tudo? Ou faz mais sentido sermos seletivos, tirando partido apenas nos contextos certos?
Estas são perguntas às quais, aviso já, ainda não tenho respostas fechadas. E talvez ninguém tenha. Mas vale a pena parar para pensar nisto com mais profundidade.
Será que a IA já faz melhor que eu? Humm...
Segundo o AI Index Report 2025 da Universidade de Stanford… sim! Em várias tarefas técnicas, a IA já supera os humanos. A exceção são tarefas com raciocínio cruzado entre diferentes tipos de informação, onde está apenas 4% atrás. Isto mostra que há tarefas técnicas e complexas que vale a pena deixar à IA, libertamos tempo, ganhamos precisão e focamo-nos no que realmente precisa de nós. Mas... (há sempre um mas), um estudo da semana passada do MIT(1) que avaliou os impactos do uso de IA na escrita, trouxe um alerta que nos deve fazer pensar.
O uso frequente de LLM (por exemplo o chatGPT) está a fazer-nos perder capacidades fundamentais. O estudo indica uma redução de 32% em competências como retenção de informação, pensamento crítico, aprendizagem ativa e noção de compromisso com o trabalho, ao longo de um período de quatro meses.
Exceção para quem não usava antes e passou a usar, que subiu os seus níveis de ativação cerebral, de memoria e envolvimento cognitivo. Ou seja, quem já tem hábitos de pensamento ativo e estruturado pode beneficiar mais da IA, enquanto os que dependem dela desde o início correm o risco de atrofiar competências-chave!
Então, afinal, usamos ou não usamos IA?
Em contexto profissional, esta questão é crítica. A perda de autenticidade e o excesso de conteúdos genéricos tornam o debate ainda mais relevante. Multiplicam-se textos sem alma, lado a lado com grandes referências, mas que acabam por ser apenas mais do mesmo — sinais de que, por vezes, integrar IA não foi a melhor opção nem para o autor, nem para o público.
Esta tem sido a minha reflexão sobre o uso da IA: o seu impacto na nossa humanidade não pode ser ignorado. Devemos usá-la para nos potenciar, e não para nos diluir. Com os dados atuais, estas ideias tornam-se ainda mais urgentes.
E agora? Para onde vamos?
Hoje, o nosso horizonte é curto. Não conseguimos prever a longo prazo com tanta mudança a acontecer diariamente. Mas, pelo menos para as próximas 24h (vá... talvez 48h!), o que vejo é o seguinte:
Usar a IA para acelerar a aprendizagem — daquilo que não sabemos, do que nos esquecemos.
Usá-la como um acelerador cognitivo, como "esteróides" para o conhecimento técnico.
Aplicá-la a processos complexos, pesados, multimodais, que nos tiram carga, mas não nos substituem.
Já existem ferramentas com enorme potencial – e sim, podem servir todos. Mas não para delegarmos tudo. A nossa assinatura tem de continuar presente: autenticidade e compromisso com a qualidade, com ou sem IA no processo.
No fundo, é como um fato à Ironman – ainda não tão visível nem “high-tech”, mas a IA está a tornar-se uma verdadeira extensão das nossas capacidades.
Por isso, tal como sempre: onde pomos a nossa assinatura, pomos junto a nossa autenticidade, o nosso compromisso com a qualidade do trabalho final, tenha ele mais ou menos IA no processo. Mas o resultado é nosso. É teu!
Nas nossas empresas, é o mesmo. Com mais ou menos IA, os nossos produtos e serviços únicos, a qualidade das entregas e a confiança dos clientes têm de manter-se e crescer ainda mais.
Com isso, continuamos a exercitar todos os nossos neurónios, músculos e as nossas equipas, não abdicando da nossa imagem, marca e assinatura.
Your Brain on ChatGPT: Accumulation of Cognitive Debt when Using an AI Assistant for Essay Writing Task