1. O Papa Leão XIV recebeu em 21 de junho Parlamentares e suas delegações provenientes de 68 países e, ao iniciar o seu discurso, definiu a ação política como “a forma mais alta de caridade” pelo seu serviço à sociedade e ao bem comum.
Penso ser cada vez mais necessário alertar os cristãos, cristãos que o procuram ser a sério e não apenas porque foram batizados, para o dever de participarem na atividade política.
Ser cristão é dar um sentido cristão a toda a vida. Não consiste apenas em rezar e participar nos atos litúrgicos. É empenhar-se na construção de uma sociedade cada vez mais humana, mais solidária, mais justa, mais inclusiva, mais fraterna. É ser construtor do Reino de Deus que assenta em quatro pilares: a verdade, a justiça, o amor, a paz. É estar no mundo sem se mundanizar, mas nele agindo segundo os critérios do Evangelho.
2. É dever do cristão ser no mundo sal, fermento, luz. Sal para dar sabor à vida e não fazer dela um rosário de lamentações. Fermento, para transformar o mundo a partir de dentro, levedando-o com a vivência do espírito do Evangelho. Luz, propondo e apontando caminhos que quem deseja um mundo realmente melhor pode optar por seguir.
Um cristão na política não tem receio de ser diferente, de não alinhar com o considerado politicamente correto nem com o «noutros países faz-se assim».
3. O cristão vai à Igreja encher-se do espírito do Evangelho a fim de o levar para os vários setores do mundo onde se desenvolvem as atividades dos homens. Para mostrar como existe uma forma pagã e uma forma cristã de aplicar uma injeção a um doente, de ensinar matemática, de estar por trás de um balcão, de gerir uma empresa, de fazer um negócio, de assistir a um jogo de futebol ou de nele participar… Também de fazer política.
4. Precisamos de cristãos na política. Não para obedecerem cegamente às orientações de qualquer líder. Não para serem pau mandado seja por quem for. Sim para agirem de harmonia com a própria consciência que procuram ter bem formada. Não porque descobrem na política oportunidade de bons tachos ou bons negócios mas porque através da política desejam servir verdadeiramente o bem comum.
5. Um cristão na política vive a consciência de haver princípios que deve respeitar e linhas vermelhas que de forma alguma pode ultrapassar. Mesmo que fique sozinho.
Hoje, na política, um cristão enfrenta de caras o decréscimo da natalidade e a dificuldade dos jovens em constituírem família e serem pais. Vê na família, constituída pela união entre um homem e uma mulher, uma comunidade de amor e de vida.
Defende o direito de todos a uma vida verdadeiramente digna. A dignas condições de habitabilidade. A um trabalho digno e dignamente remunerado.
Defende o direito à vida em todas as circunstâncias, não tendo receio de se pronunciar contra o aborto provocado e a eutanásia.
Defende a prática de uma verdadeira justiça social. Luta contra os dramas da pobreza e tudo faz para que filho de pobre não tenha necessidade de ser pobre.
Defende uma educação liberta de espartilhos ideológicos, aberta a todos e tendo como objetivo a formação integral da pessoa humana. Defende uma verdadeira igualdade de oportunidades e uma sociedade onde o valor está no mérito e não no compadrio. Não embarca em negócios sujos e tem a coragem de os denunciar.
Pretende construir um futuro onde as leis se apliquem equitativamente a todos, com base numa justiça que nunca se deixe comprar. Trava uma luta séria contra a corrupção.
6. Para um cristão a política não tem nada a ver com o tachismo. A sua grande preocupação é a de servir e não a de se servir. Está ao serviço de todos mas defende, particularmente, os desencamisados e procura ser a voz dos sem-voz. Opõe-se à existência de reformas de luxo a par de pensões que quase não dão para o essencial. Luta contra o descarte dos Idosos e pela existência de lares que o sejam verdadeiramente e não armazéns de pessoas e estejam ao alcance de carenciados de modestos recursos.