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As Reformas do Estado e o Parque de Exposições

Tem-se escrito ultimamente, de se fazer a Reforma do Estado acompanhada de opiniões. Há vários anos que políticos no poder ou não, de quando em vez atiram para a atmosfera, da necessidade de o país iniciar a reforma apregoada.


 

Analisando o desejo, porque não a publicidade (?) da Reforma, é possível que estes políticos sintam a sua necessidade, mas não têm vontade de lhe pegar. Têm medo desse afazer, pois a ser feita é terminar em perdas de regalias, do poder, de benefícios materiais e da perda de vassalagens que tantos prestam, porque especialistas nessa forma de vida.


 

Nunca me apercebi nas praças, nas vielas ou nas esquinas ensebadas de qualquer local, de grupos ou de conversas onde a Reforma do Estado pudesse ser contestada ou minimizada. 

Os portugueses sempre aceitaram mudanças, o progresso e a ordem, a paz e a solidariedade, desde que tudo isso não prejudique as suas vidas. Mas temem a pobreza, a agitação, porque existe o grande defeito de gostar de sermos conduzidos. Eis o grande defeito de Portugal


 

Desse modo, não admira, pois, que há dias atrás tenha surgido uma vez mais o badalar da Reforma do Estado, anúncio que mais parece uma forma de distrair o Zé, uma vez que certos analistas e conhecedores da matéria têm dúvidas se este Governo quer a Reforma, ou se sabe como deve ser feita a Reforma.

Não chega, como bem se entende, acabar com certos “pesos” (despesas) do Estado. Antes disso é necessário saber-se com profundidade, que Estado se quer, que Ministérios são necessários ao país, como se combate a falta de trabalho a milhares de jovens que terminam os seus cursos superiores (e não só), não sabendo como actuar.


 

Apregoam os políticos, com frequência, que é necessário actualizar a máquina da função pública, máquina que atinge todos os ministérios. Mas ainda não disseram concretamente quantos funcionários públicos há e onde. Ainda não disseram ao país, devidamente fundamentados, quantos funcionários serão precisos para a eficiência nos serviços do Estado, que estão de rastos, degradados – e desta área percebo eu. Ainda não disseram ao país, concretamente, que Estado é preciso para Portugal.


 

Do Minho ao Algarve, poucos acreditam no início da Reforma do Estado. Montenegro pode ter vontade de a fazer, acreditar na sua necessidade, mas há um grande problema: são precisos vários anos para reformar. E Montenegro terá tempo? Não creio que este primeiro-ministro seja brilhante a mentir, como alguns dos seus antecessores o foram, ou sempre a sorrir como António Costa sorria dos problemas. Todavia, entre muitos, existe um grande problema nacional: estudantes que vão concluindo os estudos, apenas têm três saídas: por terra, por mar e pelo ar – emigrando, conforme já foram convidados.


 

Depois da veracidade negativa que nos esmaga, que atira qualquer trabalhador, empresário ou aposentado para um infernal/inferno a curto prazo, como Miguel Torga temos de concluir que “o país se levanta indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e ri-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão”, porque receia a confusão, acrescento eu.


 

Reforma do Estado, novamente o seu anúncio, desejo e necessidade!

Quantos deputados a mais na Assembleia da República e quantas nomeações políticas absorvem o dinheiro do Estado, com assessores de assessores, com chefes sem subordinados e com especialistas de vinte e quatro anos de idade, como anteriormente se leu no Diário da República?


 

Muitos dos nossos “Abrilados” políticos, talvez pensem que os portugueses estavam na última fila quando Deus distribuiu a inteligência à humanidade. Não é por acaso que o Almirante Pinheiro de Azevedo disse: “o povo é sereno; é só fumaça”! E não é por acaso também, que estes “Abrileiros” das políticas de circunstância, afirmem com falta de tino que o povo “é maravilhoso, sofredor, compreensivo” e muitas mais cirqueirices do género.


 

Dificilmente haverá uma Reforma do Estado, séria, com inteligência e que possa ser o motor do bem-comum, da verdadeira justiça social. 

Não há entre os políticos que temos tido, homens com verdadeiro sentido de Estado: servir o povo. Têm provado que os seus ideais são amar mal os pobres e os injustiçados. Mas bajulam e temem os de estômagos fartos e obedecem a forças herméticas, em prejuízo de elevarem o país com honra e sentirmos o orgulho de ser portugueses.


 

Publicidade política, mentira, sorrisos políticos e parlamentares? São pessoas e locais onde uns se mostram, onde outros se exibem e onde muito se ganha. Autêntico parque de exposições, onde todos vendem, ninguém compra e muito pouco se faz. 

E o Povo, Senhor?


 

Artur Soares

Artur Soares

27 junho 2025