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A paz não se faz com a guerra

Trump, Putim e Netanyahu são todos da mesma estirpe: prepotentes. E nenhum é melhor do que qualquer dos outros. A lista de personalidades com a mesma tendência é mais vasta, mas são estes os protagonistas que estão hoje sob maior escrutínio por estarem a provocar a insegurança no mundo. Nenhuma palavra que possam dizer em sua defesa os livra da responsabilidade. São provocadores e irresponsáveis. São indignos representantes dos seus povos. Quem pode acreditar em qualquer deles? O mundo está pior em termos de segurança por causa deles. Podem acusar os outros de nazis, mas são eles que seguem a prática do alemão. São eles que demonstram vontade de dominar. Sem contemplações! Ao arrepio dos mais elementares ditames da moralidade e da legalidade! Se eu fosse cidadão de qualquer dos países de que são os maiores expoentes não votaria em nenhum, não quereria que qualquer deles fosse meu representante. A nenhum chamaria de “meu presidente” . Não seria capaz. São prepotentes, injustos, hipócritas elevados ao absoluto e ao mesmo tempo cobardes. Qual deles afronta um Estado com arsenal bélico significativo?


 

A paz não se constrói com a guerra. Nem a simples ameaça é capaz de o fazer. Nenhuma paz é possível quando se é ameaçado e colocado contra a parede. Só com o apelo sincero e a discussão dos problemas à mesa de negociações poderá resultar. Só se consegue dando “um passo atrás”, para usar uma expressão da alta representante da União Europeia para as Relações Exteriores, e não um passo em frente. Pode-se ganhar uma guerra antecipando-se ao inimigo, mas não se consegue a paz. Há dezenas de anos que se conhece o ódio visceral entre o Irão e Israel, mas ele não terminará à medida que se forem lançando umas bombas sobre os territórios de um ou de outro. Nem mesmo se os engenhos explosivos forem dos mais potentes que possam existir. Nenhum poderio militar vai ser capaz de acabar com o ódio. O que provavelmente vai acontecer – o que sempre acontece -, e isso já foi assegurado pelos representantes dos país invadidos, é que o ódio vai aumentar ainda mais e prolongar-se por tempo sem fim à vista. A instabilidade vai estar ainda mais presente no mundo por causa de meia dúzia de maníacos. Repito, a paz não se faz com a guerra e nem aquela alguém a pode impor. A paz tem que acontecer espontaneamente, sem pressões de ninguém, ainda que com intervenção de negociadores motivados e bem intencionados. Pode-se convencer alguém por bem, nunca por mal. Mas, não se peça ao agredido que “regresse à mesa de negociações” sem mais. Exija-se ao agressor que páre. Que recue.


 

Ninguém pode ser considerado “corajoso” por agredir, por destruir, atacar e invadir. Dito de prepotente para prepotente – de Netanyahu para Trump –, isso é bajulação e não produz nenhum efeito prático que conduza à paz. Numa intrusão ilegal à luz do direito internacional, “o poder [até pode ser] impressionante”, mas nunca será justo. Quanto a “mudar a história”, isso será evidente, mas não no sentido utilizado pelo agressor israelita. A guerra só está a servir para satisfação de egos pessoais e para colocar mais holocaustos nas páginas dos livros de história que os nossos filhos e netos vão estudar. O que se tem visto em Gaza e na Cisjordânia não é de bradar aos céus? Não tem havido uma desproporção na actuação e intervenção bélica sem critério razoável das autoridades israelitas? A história vai certamente julgar os agressores de hoje, como julgou e julga os de ontem, mas isso interessa pouquíssimo aos que hoje morrem e sofrem injustamente à mão dos seus carrascos.


 

É credível que haja a “ameaça existencial” de programas de confronto dos agora invadidos, no entanto, por coerência, deve perguntar-se: quem fundamentou e quem continua a fundamentar essa ameaça? Por que diabo, uns podem ter armas nucleares e outros não? Por que não prescindem os invasores das suas próprias armas nucleares? Como se permite que a Rússia de Putin ameace a Ucrânia e países amigos desta com o uso de armas nucleares? Sem recuo dos poderosos e invasores não haverá esperança para a paz.

Luís Martins

Luís Martins

25 junho 2025