1. Celebramos hoje a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, vulgarmente conhecida pelo nome de Corpo de Deus.
Tem por finalidade celebrar a presença misteriosa de Deus no meio dos homens. É uma oportunidade para refletir sobre a Santíssima Eucaristia, dar graças a Deus por este Dom e anunciar aos homens que a Santíssima Eucaristia é a única força capaz de transformar e unir a humanidade.
2. Celebrar o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo é, antes de mais, convite a que façamos um ato de fé na presença real de Jesus na Santíssima Eucaristia (Lucas 22, 14-20; João 6, 22- 58). Sob as espécies do pão e do vinho é Jesus que está presente. Comungar é receber Jesus.
Esta é uma verdade de fé comprovada, ao longo dos séculos, por vários milagres. Um deles, o de Santarém.
No dia 07 de setembro vai ser canonizado Carlo Acutis, um jovem que se notabilizou pela devoção à Santíssima Eucaristia e pelo uso que fez da internet. Informou-se sobre os milagres eucarísticos e organizou, em outubro de 2006, uma exposição totalmente dedicada a apresentar a história de cada um deles: 136 milagres em 166 painéis. Desenvolveu um website dedicado aos Milagres Eucarísticos: www.miracolieucaristici.org., que quem quiser pode consultar na internet.
3. Celebrar o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo é, também, convite a que pensemos no lugar que a Missa ocupa na nossa vida cristã. Na forma como a celebramos, na forma como nela participamos, na forma como a vivemos, na influência que ela exerce em cada um de nós, os crentes.
É convite a que, ao entrar na igreja, tenhamos como primeira preocupação saber onde está o sacrário com a Santíssima Eucaristia. A que não deixemos de visitar Jesus escondido, como dizia São Francisco Marto, e de O adorarmos.
Recordo a fé da Beata Alexandrina de Balasar na presença de Jesus nas hóstias consagradas. Paralisada, de dia e de noite, em pensamento, visitava os sacrários das igrejas que conhecia e adorava, assim, o Senhor, ali presente.
4. Há duas outras presenças de Jesus para que chamo particularmente a atenção.
Jesus está presente nas comunidades cristãs. Ele o afirmou: «onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu estou no meio deles» (Mateus18, 20). Esta presença é convite a que pensemos na nossa oração comunitária. Na oração em casal e em família.
Ele está presente também nos outros, particularmente nos mais fragilizados. «Tive fome e destes-me de comer… tive sede e destes-me de beber… sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mateus 25, 31-40). «Eu sou Jesus, a quem tu persegues» (Atos dos Apóstolos 9, 5).
Celebrar a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo também é prestar atenção a Jesus presente em cada ser humano, procurando que todos vivam com a dignidade a que têm direito, respeitando o próprio corpo e o corpo dos outros, atendendo também às necessidades materiais das pessoas. A devoção à Eucaristia não se esgota na devoção ao Senhor do sacrário, mas deve levar à prática da caridade fraterna.
5. O Dia do Corpo de Deus é assinalado, em muitas localidades, com uma solene procissão eucarística.
Em Portugal tal procissão data já dos últimos anos do reinado de D. Afonso III e constituiu a festividade nacional por excelência, como escreveu Alexandre Herculano («O Monge de Cister», cap. XVII).
Em Lisboa tomava parte nesta procissão a melhor sociedade do tempo. O Rei e o Príncipe seguravam as varas do pálio, debaixo do qual o Patriarca levava o Santíssimo Sacramento.
6. A procissão do Corpo de Deus «é, por assim dizer, a ‘forma tipo’ das procissões eucarísticas» («Directório sobre Piedade Popular e Liturgia», 162).
Manifestação de fé na presença real de Cristo na Santíssima Eucaristia, nela vai, apenas, debaixo do pálio, o Santíssimo Sacramento. Não há andores. E quem assiste, com fé, à sua passagem ou ajoelha com o joelho direito ou faz inclinação profunda.