«Pedro falou pela boca de Leão». Foi assim que os participantes do Concílio de Calcedónia (451) acolheram e sufragaram a carta do primeiro Papa com o nome de Leão.
É igualmente o primeiro a quem foi atribuído o cognome de Magno. Os outros foram São Gregório e São Nicolau. E é também – juntamente com São Gregório – um dos que mereceu o reconhecimento como Doutor da Igreja.
Teólogo de apuradíssimo recorte, o seu pontificado conta-se entre os dez mais duradouros de sempre, entre 440 e 461.
Roma ficou a dever-lhe que Átila, o tenebroso líder dos hunos, não invadisse a capital do império. E que Genserico, rei dos vândalos, não destruísse os templos nem devastasse a cidade, apesar de a ter saqueado.
Pouco mais de dois séculos volvidos, o Papa Leão II pontificou durante menos de um ano, entre agosto de 682 e junho de 683.
No século VIII, foi eleito Leão III, que chegou a ser ferido numa procissão. Mas, em contrapartida, coube-lhe a honra de coroar Carlos Magno como imperador.
São Leão IV (847-855) era monge beneditino, muralhou as colinas do Vaticano («cidade leonina») e coroou o Luís II, o Jovem.
Leão V foi Papa no século X, no meio de constantes tumultos. O próprio Pontífice não se livrou de ser vexado, detido e até há quem não descarte a hipótese de ter sido assassinado. O mesmo fim trágico teve Leão VI (928-929).
Leão VII (936-939), outro monge beneditino, empreendeu uma reforma monástica. Tornou-se conhecido por lutar contra a superstição, a adivinhação e a bruxaria em geral.
Tormentoso foi o pontificado de Leão VIII (964-965). Leigo aquando da eleição, aceitou o cargo quando o antecessor (João XII) ainda vivia, posicionando-se como antipapa. Tendo sido deposto, foi o imperador que o repôs, mas viria a morrer pouco depois.
São Leão IX (1049-1054) foi um Papa reformador, combatendo a simonia, a imoralidade, pugnando para que os bispos fossem teólogos e pastores, e não príncipes.
Ficou ligado ao Cisma do Oriente porque o seu representante, com a missão de chegar a acordo com o Patriarca de Constantinopla, depositou contra este uma excomunhão.
Curiosamente, o Papa que voltou a usar este nome está implicado no Grande Cisma do Ocidente.
Leão X (1513-1521) excomungou Lutero na sequência das 95 teses que este publicou e dos desentendimentos posteriores.
Em homenagem a Leão X, o seu sobrinho Alessandro Ottaviano escolheu o nome de Leão XI quando ascendeu ao sumo pontificado (1605). Mas permaneceu apenas 26 dias na função, sendo apodado por isso de «Papa Relâmpago».
Foi preciso esperar mais de três séculos para surgir outro Papa Leão. No caso, Leão XII (1823-1829). Com saúde débil, as suas decisões suscitaram muitos anticorpos nos estados pontifícios.
Brilhante foi o ministério de Leão XIII, que serviu o Povo de Deus ao longo de 25 anos (1878-1903). Foi o primeiro Papa a ser gravado e filmado. Procurou amenizar focos de tensão.
Fez renascer o pensamento de São Tomás, externalizou uma grande devoção por Nossa Senhora e tornou-se praticamente o promotor da Doutrina Social da Igreja. Foi ele que – a 15 de maio de 1891 – publicou a encíclica «Rerum Novarum» sobre a condição dos operários.
Chegou a hora de Leão XIV. Também por ele Pedro tem falado e alongado a sua missão: «Preservar a verdade da fé e a unidade do Povo de Deus».
Daí que não cesse de nos instar a «olhar para Cristo». É n’Ele que soará sempre «a hora do amor»!