Quem nos dá conforto e segurança? Alguém nos consegue dar garantias bastantes? Onde estão os estadistas de outros tempos? Quem se vincula a sério, através de verdadeiro e desinteressado serviço, com o seu povo e com a ordem internacional? Será que podemos acreditar que o globo que habitamos está a salvo? Há o ambiente a degradar-se e os representantes dos países mais poluentes ou não comparecem nos fóruns internacionais ou assobiam para o lado! E as guerras, meu Deus, a eclodirem já e logo, promovidas pelos mesmos, suportadas e alimentadas pelos mesmos! Quem nos garante a paz? Que esperança se pode ter perante os massacres e genocídios generalizados? A diplomacia parece não produzir resultados. Será que tem sido praticada com afinco? Não está a ser evitada por interesses de cobardes e ditadores? Há novos Hitler travestidos de democratas que têm provocado holocaustos como o que a história da humanidade registou e que é lembrado com regularidade. Fica a dúvida se as cerimónias comemorativas sirvam o melhor propósito. Parece que alguns não aprenderam com o que aconteceu. Nem mesmo os representantes dos que têm milhões de antepassados que passaram pelos horrores dos campos de concentração e aí pereceram! Gaza não passa, hoje, de um campo de concentração.
Recordo o tempo da chamada guerra fria. Continuam a organizar-se paradas militares como algo estético para afirmar que a concorrência é maior. A ameaça em usar armas nucleares parece mais premente do que alguma vez foi depois da última grande guerra. Recrudesce a tendência para se invadir um país como noutros tempos em que os povos manifestavam tendências expansionistas. Nada é novo, mas mais perigoso. Imensamente mais perigoso. As armas de hoje são incomensuravelmente mais mortíferas. A Organização das Nacionais Unidas é cada vez mais uma organização ao serviço dos mais fortes, dos que têm precisamente interesse na guerra, das nações que hoje são mais mal governadas do que nunca, quero dizer, governadas por loucos que chegaram ao poder, reforçaram as suas atribuições e o alimentam em nome de deturpado socialismo ou de ideias extremistas de outros loucos sobre quem muitos eleitores não fizeram o melhor escrutínio por se não terem apercebido, na altura em que se pronunciaram, da saúde mental dos seus ídolos políticos e de quem agora não conseguem desfazer-se pelo poder autoritário que essas personagens alcandoradas alcançaram. Poderosos a quem falta a “sabedoria” para governar, desde logo, os súbditos, e para colaborar numa ordem internacional de paz e de segurança. E sem esta não há nem pode haver esperança. Alguns já se foram habituando – é o que dizem nas reportagens que vão passando nos noticiários – mas há outros para quem a situação de insegurança causa calafrios, medo pelo futuro incerto dos filhos e restantes familiares.
A comunidade internacional, excluindo agressores e cúmplices, anda tímida, medrosa até. Apesar de um ou outro responsável político ter estado a procurar sair dessa bolha, a tentar reagir, têm-no feito – parece – mais para alimentar o ego do que para contribuir para essa tal ordem mundial de esperança. Falta quem imponha limites aos pretensos reis do mundo para que não ultrapassem fronteiras e os obriguem a recuar e a respeitar todos. Precisamos que alguém convoque para as reflexões das grandes reuniões mundiais uma espécie de “Livro dos Provérbios”. A diplomacia não pode funcionar, como alguns já advogaram, apenas depois dos conflitos se instalarem e terem produzido todo o tipo de destruição. O mundo precisa dos melhores embaixadores de paz que trabalhem ao serviço da humanidade e não de interesses pessoais ou de poderosos. Bom seria que nos pudéssemos deleitar na esperança, ainda que fosse apenas a do respeito pelo direito internacional.