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Política Industrial da Saúde

Imagine um país onde a saúde não é apenas sinónimo de cuidados médicos, mas sim de inovação, emprego e futuro.

É assim que, cada vez mais, olhamos para a saúde em Portugal.

Depender demasiado do exterior pode ser um risco para todos nós, como a pandemia Covid-19 demonstrou de forma muito evidente.

Aproveitar estas lições para construir uma cadeia de valor da saúde mais forte, resiliente e feita em Portugal é hoje uma prioridade decisiva.

Temos um terreno fértil para isso: universidades e centros de investigação reconhecidos, hospitais de referência e uma rede de empresas que não pára de surpreender, desde os grandes laboratórios até às pequenas startups. Juntos, identificando os principais desafios e propondo soluções dinâmicas e transformadoras, podem transformar a saúde num motor de crescimento para todo o país.

Mas não basta ter boas ideias. É fundamental juntar Estado, empresas, universidades e centros de investigação à mesma mesa. O Estado deve desempenhar o papel de facilitador, promovendo parcerias público-privadas que estimulem a inovação e tragam o conhecimento das universidades para o mundo real. Ouvir todos os intervenientes – desde os reguladores às associações, passando pelos hospitais e centros de investigação – é essencial para desbloquear o potencial do setor.

O investimento na inovação e na formação contínua é outro pilar indispensável. Possuímos recursos humanos talentosos, mas precisamos de apostar mais na formação e em ecossistemas que aproximem a indústria da academia. A saúde já é vista como um investimento que beneficia toda a economia, e o setor privado desempenha um papel determinante: são mais de 31 mil empresas e 146 mil profissionais a contribuir para o desenvolvimento do país, através do investimento, da produção e da exportação.

Claro que também existem desafios. Os processos regulatórios são, muitas vezes, lentos e complexos. Modernizar as agências reguladoras e criar instrumentos de financiamento específicos para a saúde – como linhas de crédito e incentivos fiscais – são passos fundamentais.

Por fim, a sustentabilidade e a resiliência da cadeia de valor são objetivos centrais. Isto significa não só reforçar a produção nacional, mas também diversificar fornecedores, promover a economia circular e integrar critérios ambientais e sociais nos processos produtivos. A saúde pode e deve ser um setor-chave na transição verde e digital, contribuindo para a criação de empregos qualificados e para um país mais sustentável.

Em resumo, a política industrial da saúde não é apenas uma questão económica. É uma política de Estado, com impacto direto na nossa soberania, na saúde pública e no futuro de todos nós. Ao identificar os principais desafios e propor soluções dinâmicas e transformadoras, torna-se possível transformar a saúde num motor de crescimento para todo o país.

A realidade portuguesa exige uma aposta clara, sem preconceitos ideológicos, envolvendo todos – público, privado e social – para garantir melhores cuidados de saúde e uma economia mais forte. O momento é de ação: a saúde é, e será, um dos pilares do futuro do país.

Mário Peixoto

Mário Peixoto

14 junho 2025