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Dos "Mais ou menos" não Reza a História! IA, O Eterno Valor do Rigor e da Excelência!

Vivemos definitivamente num tempo diferente. Nunca tivemos tanto acesso à informação, a ferramentas superpotentes e a tecnologias com Inteligência Artificial com um potencial enorme. Gerar conteúdos, textos ou soluções em segundos tornou-se banal. Parece mágico. Mas, atenção: por detrás desta promessa, esconde-se um risco real e silencioso: o da mediocridade disfarçada.

A facilidade com que se criam textos, se gera código ou se propõem soluções genéricas, frequentemente sem contexto e sem validação, está a criar um novo tipo de risco: aceitar o “mais ou menos” como suficiente. Está tudo na linha do conhecido “mais vale feito que perfeito”. E, sim, a capacidade de concretização é fundamental. Mas concretizar mal, ou sem rigor, não nos leva longe. Concretizar o melhor possível também importa e muito.

O problema não está nas ferramentas em si que estão cá para nos ajudar, libertar tempo e abrir caminho à criatividade e à excelência. O problema está na forma como as usamos sem pensamento crítico, sem conhecimento profundo, sem respeitar a matéria. Aceitar conteúdo genérico e descontextualizado, sem o validar, é contribuir para a erosão de um valor essencial: o rigor.

E rigor é respeito. Respeito pelo tema, pelo professor, pelo cliente, pela equipa, por nós próprios. Quando nos rendemos ao “mais ou menos”, estamos a abdicar da nossa marca, da nossa diferença, da confiança que os outros depositam em nós. Comprometemos a credibilidade daquilo que entregamos. E isso, meus senhores e minhas senhoras, paga-se caro.

Nunca como agora existiu uma mistura tão explosiva: por um lado, a pressão da velocidade, da resposta imediata, onde tudo é urgente e para ontem; por outro, o crescimento dos populismos do conhecimento, onde a verdade pesa pouco, e a autenticidade ainda menos. O “assim-assim” começa a ser aceite. E isso é perigoso. Perde-se o respeito pelo processo, pelo estudo, pelo caminho. E isso mina tudo: reputações, decisões, empresas, e, no limite, a sociedade que estamos a construir.

É aqui que entra o nosso papel. Precisamos de voltar a valorizar o saber-saber e o saber-fazer. A inteligência artificial pode sugerir, propor, até inspirar. Mas não pode substituir o conhecimento, o domínio, a validação. Para garantir a solidez do que entregamos, temos de integrar estratégias reais de validação: explicar na primeira pessoa, ouvir diferentes perspetivas, debater alternativas, recolher inputs presenciais, sentir o terreno. Só assim garantimos profundidade, contexto e verdade.

Até porque, sejamos claros, fazer bem ou fazer “assim-assim” leva praticamente o mesmo tempo. A diferença está no resultado. E naquilo que deixamos como marca. Fazer com qualidade é, acima de tudo, uma escolha. E é essa escolha que diferencia os que ficam pelo caminho dos que fazem história.

A excelência não é negociável. E não se aplica só nos grandes projetos. Aplica-se no detalhe, na pequena tarefa, na apresentação, na reunião, no relatório, no código, no email que se escreve. É uma forma de estar, é uma exigência pessoal. Porque é isso que constrói valor duradouro. É isso que fica.

E já agora, quando a IA atingir um bom nível na colaboração e no rigor, elevaremos a fasquia para o nível seguinte… Mas só saberemos que nível é esse, se, até lá, tivermos levado o tema a sério e com profundidade!

Guilherme Teixeira

Guilherme Teixeira

12 junho 2025