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Para que «venham-cá», é imperioso «ir-lá»

Só haverá «reditus» (regresso) se houver «exitus» (saída). 

As igrejas deixarão de estar vazias se a Igreja estiver cheia: cheia de Cristo, cheia de amor por Cristo, cheia de «discípulos missionários» de Cristo. 


 


 

Ele próprio conjugou o verbo «ir» para que os Seus interlocutores se dispusessem a conjugar o verbo «vir». 

Tendo «ido» a Betânia (cf. Jo 1, 28), encontrou João Batista e dois dos seus seguidores (cf. Jo 1, 35), que logo «vieram» com Jesus (cf. Jo 1, 37.39). 


 

A Igreja não nasceu «sedentária», nasceu «missionária». O seu destino é «ir». Para testemunhar Cristo, para propor Cristo, para convidar a seguir Cristo. 

Como o Mestre, também a Igreja «habita as estradas, está sempre a caminho» (Antonio Spadaro).


 

Acontece que, por vezes, dá a impressão de que estamos – «sedentariamente» –

à espera de quem se decida a «vir». Em vez de – «missionariamente» – nos mobilizarmos para, junto de todos, «ir».

Parafraseando Walter Kasper, dir-se-ia que nos comprazemos com uma Igreja do «venham-cá», desistindo de uma inadiável Igreja do «ide-lá». 


 

Uma coisa é certa. A única forma de constituirmos uma Igreja missionária – adverte George Augustin – «é “ir” ao encontro das pessoas, falando com elas e criando vínculos de confiança».

Não basta, porém, «ir». É vital que o nosso «ir» seja credível, apelativo e coerente. Numa altura em que as pessoas procuram experiências alternativas de espiritualidade, não hesitemos «em colocar Deus no primeiro plano».


 

A burocratização da Igreja não convence e a sua excessiva «departamentalização» já começa a saturar. 

É preciso que os outros sintam que «estão a lidar com homens e mulheres de Deus». 


 

Na avisada ótica de George Augustin, «a fé não se perdeu; terá sido “enterrada”. 

Aos olhos de muitos, não irradiamos fé. «Irradiamos frequentemente difusos desejos de um mundo melhor, mas não fé».


 

E não é para tornar o mundo melhor que muitos «virão». Há instâncias habilitadas para isso, com as quais os cristãos devem cooperar.

«Vir» à Igreja implica encontrar Deus. Henry Nouwen tocou no ponto: «Os mosteiros existem não para resolver problemas, mas para louvar a Deus no meio dos problemas». Enfim, a Igreja tem de ser «perita» em Deus.


 

Não é como «sociedade do queixume» (que critica os males do mundo e pluraliza receitas para eles) que a Igreja cativará. 

«Vir» à Igreja implica, antes de mais, entrar em relação com Deus. É desta relação que brota o compromisso social.


 

Em suma, soou a hora de voltar a «irmos-lá». Para levar Deus às pessoas e para trazer as pessoas Deus. 

Só n’Ele (em Deus) nos reencontraremos com elas (com as pessoas)!

João António Pinheiro Teixeira

João António Pinheiro Teixeira

10 junho 2025