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MÊS DE JUNHO: O MÊS DO CORAÇÃO DE JESUS

O mês de Junho, quando se inicia o período de verão, tem, dentro da Igreja, a particularidade de se dar especial relevo a uma realidade que muitas vezes nos pode parecer secundária. De facto não o é, porque nos ilustra sobre a personalidade de Jesus, que ofereceu a sua vida como penhor da nossa verdadeira feilicidade, que é o Reino dos Céus.

Esta realidade foi alcançada por Cristo, quando morre na Cruz duma forma humilhante e supremamente dolorosa, porque a sua condenação, dum modo paradoxal, foi a de quem passou a sua existência na terra, fazendo o bem e ensinando-nos como devemos comportar-nos para que a relação entre os homens seja o mais feliz possível.

No entanto, a violência dessa morte injusta na Cruz, de per si, representa, da sua parte, um amor profundíssimo por todo o ser humano. Não nos esqueçamos que tudo o que ocorreu não foi uma comédia, uma espécie de espectáculo exibicionista de alguém que queria que todos o admirassem pela virulência da sua entrega à morte - e morte por crucifixão que, por si mesma, era considerada, na altura, uma situação humilhante para quem fosse condenado a tal suplício cruento e latimoso. Um romano, por exemplo, não podia, pela dignidade que lhe conferia a sua cidadania, morrer crucificado. Recordemos: S. Pedro, judeu, como Jesus, morreu numa Cruz. São Paulo, dada a sua condição de cidadão do Império, foi decapitado.

A morte de Cristo na Cruz é fruto do seu Amor e obediência a Deus Pai, que Lhe pediu que encarnasse e entregasse a sua vida pela salvação de todos os homens de todos os tempos.

Mas tanta humilhação e tanta entrega estão também relacionadas, sob o ponto de vista humano, com a qualidade serena e obediente de quem sabe que a sua vida deve enfrentar tudo o que uma condenação tão dura e tão injusta pressupõe: o sofrimento violentíssimo de quem oferece o que tem de melhor - a sua vida. Para tanto, é necessário e indispensável estar dela desprendido até ao extremo, a fim de que a sua oferta, plena e absoluta - assim foi a de Cristo -, atinja o fim que a determina: a possibilidade de todo o ser humano poder alcançar a felicidade celestial.

No mês que estamos a viver, a Igreja lembra a todos os fiéis o costume de dar ao Coração de Jesus uma importância e uma companhia mais profunda. De facto, se este órgão do corpo humano é considerado, na generalidade, como o berço e a fonte de toda a nossa afectividade, não podemos separar o amor de uma pessoa da qualidade do seu coração. Por isso, tendo em conta tudo o que Cristo sofreu por nós na sua Paixâo e Morte, compreendemos e achamos adequadíssima as qualidades que Jesus manifestava, quando nos convidava a segui-Lo: “Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração”. Eis um grande incentivo que o Senhor nos dá, se queremos ser seus seguidores. E isto em todas as situações da nossa vida. Mesmo que tenhamos de suportar os maiores sofrimentos ou humilhações. Recordemos Jesus na Cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...” Não quer o mal dos seus algozes. Apenas pede ao Pai que lhes perdoe, para que eles se convertam e assim se salvem.

Não esqueçamos ainda que o Coração de Cristo, na sua passagem pela terra, teve dois grandes e fundamentais educadores. Foram corações santos: o de sua Mãe, o Imaculado Coração de Maria, e o de S. José; esposo de Nossa Senhora e seu pai adoptivo.

P. Rui Rosas da Silva

P. Rui Rosas da Silva

10 junho 2025