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Ir ou não à bola

Há quem não tem tempo para o essencial, mas arranja tempo para ir à bola. Não interessa que diga que vai em nome de Portugal. Essa é uma desculpa demasiado simples. É tratar com desprezo os portugueses. É fazer deles destituídos e parvos, o que é grave. Não interessa dizer que se compromete em não falhar, em fazer tudo, tudo, mas mesmo tudo para fazer tudo certo. Ir à bola, quando se falha em compromissos a sério, é um desrespeito, uma irresponsabilidade até. Não é coisa nova, nem algo que outros se não tenham fartado de fazer. Mas que soa a farra, isso soa. Estridentemente. Ainda que se pague a passagem e o bilhete do próprio bolso, não fica bem, quando o tempo é curto para fazer o que ficou por fazer. Quase tudo do que foi prometido. Nada me move de quem gosta da bola. Não digo que não vejo um jogo, outra forma de o acompanhar. E não preciso de chamar os vizinhos para que fiquem a saber que o estou a fazer. Nem que seja uma partida em que a equipa do meu país se defronta com uma de outro. Mas, talvez seja uma mania minha. Na verdade, no passado sábado, também deixei as tarefas a que estava dedicado em casa para ir a um concerto coral.


 

Talvez eu me engane no descrédito que tenho assumido e que continuo a assumir quanto ao falhanço de alguns dos que nos governam. Por enquanto, não confio nem vou à bola com eles. É verdade, desta vez, assumiram pela voz do seu responsável máximo, de forma veemente, que não têm nenhuma desculpa para eventuais falhas futuras. Muita coragem, pois os desafios são muitos e difíceis, a começar pelos da saúde, passando pelos da educação, da habitação, para só referir os destas áreas, sem esquecer aquele que é absolutamente crítico e estruturante para o país como é o da reforma do Estado. Se às palavras, às juras de que desta vez é que será, corresponderem as acções necessárias, enfiarei o barrete, mas ficarei feliz – isso é o que verdadeiramente importa - por isso ter melhorado a vida dos portugueses. Em todo o caso, a oposição não pode deixar de fazer o escrutínio que, não só, lhe compete, como lhe é devida, em respeito pelos portugueses que acreditaram em cada um dos partidos que a compõem.


 

2. Fiquei satisfeito que António José Seguro tenha, finalmente, assumido que é candidato à eleição para Presidente da República, embora me pareça que chega tarde. Já tinha previsto que a indefinição socialista e do próprio teria repercussões negativas na sua candidatura. Estranho que o Partido Socialista o tenha ignorado agora, não o tendo apoiado de imediato, como não apoiou ainda ninguém. Tenho dúvidas sobre a validade e o critério do argumento de que as Autárquicas estão primeiro e o partido precisa de se concentrar nas mesmas. Há muito que as Presidenciais estão em marcha e que se foram apresentando, ainda que informalmente, os candidatos com alguma chance de vencer a eleição. Não o fazer com oportunidade é deixar que o Almirante Henrique Gouveia e Melo se distancie significativamente logo no início da prova. A não ser que os socialistas prefiram que o Almirante, que declarou positiva a entrada em cena do antigo responsável socialista, vença sem luta a perder ou a provocar uma guerra intestina no seio do Partido Socialista. Não sou socialista, mas para a eleição do próximo Presidente da República não tenho dúvidas de que vou à bola com Seguro. Reconheço-lhe possuir as melhores qualidades para a função. Acredito que fará a diferença e no que diz de que é preciso “confiança em que quem está no poder serve e não se serve”.

Luís Martins

Luís Martins

10 junho 2025