A perceção que tenho deste tempo político que estamos a viver, é de ter a ideia de termos um governo a prazo, embora não tenha razão substantiva para o afirmar. Usando uma terminologia meteorológica parece-me sol de pouca dura. E porquê? Porque no horizonte há nuvens que apenas, e para já, deixaram o sol espreitar por rasgões temporários. O governo ora governará pelo rasgão do PS, ora espreitará pelo rasgão do Chega. Ora isto será governo de espreitadelas e não governo de tempo firme. Por outro lado, e lá mais longe, avulta a eleição para Presidente da República. Felizmente não faltam pessoas disponíveis para se “sacrificarem “ pela pátria! Há heróis por toda a parte. Uns e mais outros querem ser “empreiteiros” na construção de pontes e outros içam a bandeira da grandeza da Pátria e embrulham-se nela, até há quem assuma o título de herói por ter distribuído injeções no tempo da pandemia! Desculpem, ia-me esquecendo daqueles que querem tudo tão claro e limpo que toda a Nação ficará a brilhar. Adeus corrupção, compadrios, favores e quejandas benesses. E aqueles que por “ obras valerosas” (?) se foram do anonimato libertando. Como os senhores eleitores verificam não faltam ofertas, agora o que me interrogo é se a quantidade para o desempenho de primeiro magistrado é igual à qualidade que se impõe para o cargo. É preciso lembrar que o PR é um estandarte que se desfralda muitas vezes no estrangeiro e onde deverá sempre , e sem qualquer discussão ,deixar uma boa imagem de Portugal. Cá dentro ainda lhe podemos perdoar uma ou outra aselhice, mas será sempre pernicioso para o prestígio de Portugal termos um presidente da república que apenas fale e não diga nada. É feio e desprestigiante. Não basta ter figura ou empertigamento, é preciso saber estar e estar com saber. O governo pode não estar seguro se o PR não for sereno; o arrebatamento pode levar-nos a novas eleições e é isso precisamente que o povo não quer. E depois, quem escolheu o governo foi o povo ou foi o PR? Ambos são órgãos democraticamente eleitos, mas que o PR nunca se esqueça que não foi eleito para governar. Estas dúvidas, esta simbiose entre ser nada e ser tudo nunca se devem chocar porque os caminhos são diferentes e não há razão para colisões absurdas. Este receio não tem fundamento, pelo menos para já. Oxalá nunca o venha a ter porque Portugal necessita que os meus receios se não concretizem, isto é, não tenham quaisquer fundamentos.