Decidi escolher o título em epígrafe por achá-lo pertinente no momento atual, a fim de procurar estabelecer a diferença entre a paz laboral que se vai vivendo nesta bimilenária e, por enquanto, pacata Cidade dos Arcebispos e a falta dela na Capital do reino. Sobretudo, devido às constantes greves nos transportes públicos lisboetas que vêm tirando o sono a quem necessita de os usar para a sua vida diária. Deixando as pessoas privadas do comboio, do metro, das viaturas da Carris e dos barcos da Transtejo. Imagine-se o prejuízo que seria para o país se elas, um dia, viessem a ocorrer no “TGV”.
São paralisações comandadas por uma intersindical, afeta a um partido político, amarrado a práticas do século passado, que muito prejudicam quem trabalha. Ou seja, os mais pobres e desfavorecidos que tanto dizem defender. Basta lembrarmo-nos das últimas greves efetuadas em maio, por altura da última campanha eleitoral, que não só afetaram milhares de cidadãos em Lisboa, como no resto do país. Disso, deram prova os telejornais e a imprensa lusa, exibindo imagens do estado de desespero e stress de quem via ser-lhe negado o transporte diário.
No entanto, quando o repórter estendia o microfone a uma ou outra pessoa para dar a sua opinião sobre a situação, lá acabava por dizer – “sinto a minha vida a andar p’ra traz, por ter o meu emprego em risco”. Já ao que achava da greve, laconicamente respondia: – “é uma injustiça ter o passe pago e não usufruir dele, mas, enfim…, é um direito que lhes assiste”.
De facto, quando se trata de direitos a coisa muda de figura. Ainda que sejam os daqueles que mais ganham e regalias têm (como é o caso do pessoal da CP). Algo que deveria ser repensado, em termos de equidade, por forma a respeitar a liberdade e de quem precisa de laborar e se vê impedido de o fazer.
No entanto, se alguém vier aventar a hipótese da revisão da atual “Lei da Greve”, logo temos o habitual chorrilho: – “vem aí a ditadura e o fascismo”. Sendo o mesmo que recusar a reformulação não só dela, como a dos serviços do Estado. E os Governos com receio das bocas, lá acabam por enfiar tudo na gaveta.
Ora, quando penso que “ainda” é fixe ter emprego em Braga, quero dizer que tal estatuto não é um dado adquirido. Sê-lo-ia, se os responsáveis da Autarquia bracarense tivessem feito – ao longo dos três mandatos – algo que invertesse a marcha do desinvestimento. Quer na preservação da atual rede de estradas, quer em novas vias para descongestionamento de tráfego. Assim, pelo que vejo, a nossa querida Brácara de pacífica e ordeira, depressa caminhará para uma balbúrdia idêntica à alfacinha.
É que se, porventura, vierem a acontecer greves simultâneas nos TUB e na CP, aí, será o caos em toda a vida citadina bracarense. Já que quem se desloca da periferia para os seus afazeres lá terá de recorrer à viatura própria (quem a tiver), assim como ao Táxi e Uber com gastos acrescidos.
Esta Augusta urbe cresceu e continua. Só que o empenho dos nossos gestores camarários junto da tutela das IP tem sido escasso, no sentido da implementação de estruturas viárias que acompanhem tal crescimento. O que vem deixando a situação à mercê dos transtornos provocados na vida das pessoas, até que a paciência delas se esgote. Ainda bem que por cá, não há o rio Tejo para se chegar à outra margem, caso contrário viver-se-ia num inferno.
Mas há o Cávado e a Ponte de Prado, em sistema semafórico e a conta-gotas, para mal dos pecados de quem a utiliza. Embora, em nada comparável à enchente que se vê na do sul. Isto porque em todo o concelho bracarense se vai vivendo com alguma mobilidade embora, ao mesmo tempo, com enorme laxismo.
Exemplo desse deixa andar, é o tardio lançamento de uma obra que visa desatar o nó de Infias, em espera há mais de uma década. Embora a real solução passe por novos percursos rodoviários, alternativos, que deem um forte contributo à propalada tese de que é mesmo bom viver e trabalhar em Braga, haja o que houver.