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Poder Local, um poder menor?

 


 

Parece-me haver uma estratégia concertada para desvalorizar as eleições autárquicas. Não vislumbro as razões que motivam este alheamento. O ambiente político, no momento, segue a linha do andamento das presidenciais, quando os partidos e os agentes políticos independentes deveriam estar focados, preocupados e preparados para se baterem pelas autárquicas, uma vez que estas se realizarão daqui a quatro meses. Em Outubro. Enquanto as presidenciais decorrerão em Janeiro de 25. Talvez seja a candidatura “polémica” do almirante Gouveia e Melo a alterar o calendário político eleitoral nacional e activar o comentariado luso sempre cioso de dar os mais sofisticados palpites e explicações. A verdade é que este candidato, ex-militar, tem causado muita azia na classe política partidária que o vê como um “intruso” e até um “perigo” para a democracia. Na democracia, já deveria estar devidamente assimilado, não há espaço para intrusos nem para candidatos perigosos. Esses fantasmas do “intruso e do perigo” só existem nas mentes totalitárias. Daqueles que pensam que a democracia lhes pertence. 


 

1 - Não é novidade para ninguém que o Poder Local, sempre considerado Poder menor, tem uma importância crucial na vida das pessoas, em particular, das pessoas mais vulneráveis nas pequenas comunidades. As freguesias adquirem um papel mais interessante, transversal e, muitas vezes, incontornável na supressão das necessidades mais básicas do que nos concelhos. 

O Poder Local nas freguesias tem valia própria pela proximidade, pelo conhecimento inteiro dos “fregueses” que se candidatam e pela necessidade dos moradores verem os seus problemas resolvidos ao pé da porta. O Poder Local nas freguesias tem características únicas: tem simpatia, celeridade, qualidade do serviço e tratamento adequado nas respectivas sedes. As sedes são espaços humanizados e vocacionados para integrar vontades e desenvolver acções culturais. Têm um abrangência fundamental no desenvolvimento social das comunidades. Numa freguesia, de um modo geral, ressalta o afecto e a vontade de satisfazer os pedidos a quem lá se dirige. Há, naturalmente, calor humano e muito envolvimento.


 

2 - Ser autarca é estar ao serviço dos amigos, dos conhecidos, das instituições locais (desportivas, culturais, educativas, sociais), enfim, ao serviço de todos e de toda a comunidade. Numa perspectiva mais de carácter pessoal, e sempre relevante referir, é fácil de verificar que o nível cultural e académico melhorou bastante, o que permite uma outra abordagem e uma outra eficiência nos serviços prestados. Já se vê em qualquer freguesia a liderar as Juntas gente com formação superior, com sensibilidades diversas e com uma visão mais aberta e mais congruente com as responsabilidades e necessidades que o Poder Local, hoje, exige. Até para lhe dar uma outra dignidade e imagem.


 

3 - Daqui a quatro meses, realizar-se-ão as eleições autárquicas. E não tenho notado grande agitação em volta destas eleições, se bem que seja tempo de se escolherem os melhores, homens e mulheres, para se formarem as listas concorrentes. O tempo urge mesmo. 

Abordemos, agora, um pouco o poder na Câmara Municipal de Braga. Posicionam-se três candidaturas com possibilidades de disputar a cadeira do poder. Destes três candidatos: João Rodrigues, António Braga e Ricardo Silva, o meu apoio inequívoco recai em João Rodrigues por várias e objectivas razões. João Rodrigues, apoiado pelo maior partido nacional, é uma personalidade bem formada, bom ouvidor, de carácter e de postura moderados e com uma boa experiência no que toca às dinâmicas camarárias. Além de tudo, é um jovem inteligente, muito capaz e com uma vontade enorme de concretizar com elevada qualidade os objectivos da cidade e do concelho a outro patamar de desenvolvimento e de bem-estar. O candidato neo-socialista é hoje um político cansado, já deu o que tinha a dar (é normal e natural), bem entrado na vida com os seus 72 anos e meio. É um candidato esgotado de ideias, de objectivos e de energia. Além disso, o seu partido está debilitado e sem alma para se meter em trabalhos que requerem coesão e envolvimento externo. O terceiro candidato, Ricardo Silva, é um “político”, simplesmente localizado, e com vivência única na Junta de freguesia de São Vitor. É jovem e é um candidato de “um homem só”. Não tem máquina partidária para o apoiar, nem um núcleo duro para o proteger.

Feita esta simples, mas realista avaliação o candidato certo para o lugar certo é João Rodrigues.


 

Armindo Oliveira

Armindo Oliveira

8 junho 2025