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“Mais 1 Governo” e o Fim da I República Portuguesa:

A “República Parlamentar” (para lamentar?) era o nome dado à I República Portuguesa, 5/10/1910-28/5/1926. Depois foi o Golpe ou Revolução que originou a Ditadura Militar ou Nacional, o Estado Novo, e que se iniciou de modo físico nos Santuários do Bom Jesus do Monte e de Nª Srª do Sameiro com o Congresso Mariano e na Cidade de Braga. O centro da convulsão que se iria seguir “iniciou-se” no almoço do Bom Jesus de 27/5/1926 onde “O Reitor”, Engenheiro e Militar, da Universidade de Coimbra Francisco Cunha Leal discursou de modo inflamado (cfr. n/artigo de 28/5/21). Recorde-se que o Golpe ou Revolução do 28/5/1926 (nome original do “Estádio 1º de Maio”) foi recebida com alegria e euforia, de braços abertos e flores, pelo Povo Português. A I República facilitou o divórcio, a protecção dos “filhos ilegítimos”, o direito à greve, o horário de trabalho, o descanso semanal, entre outros. Houve um investimento na formação de professores primários ainda que sem grande êxito. E foram criadas as Universidades de Lisboa e do Porto. Coimbra deixava de estar só. Havia uma permanente luta entre os Governos e a Igreja Católica, assim como dentro dos anti-monárquicos, entre republicanos, carbonários e maçons. A I República durou só 16 anos, lembremos, e assassinou 1 1º Ministro, 1 Presidente da República e vários ex-Ministros e Militares de Alta Patente)! A instabilidade era marca. Estava instalado um sistema onde todos queriam ser “presidentes”. Todos eram demasiado bons para se suportar(em) uns aos outros, diríamos que foi a “República dos Egos”: 2 Presidentes do Ministério interinos, 1 Junta Constitucional, 1 Junta Revolucionária, 2 Presidências do Ministério que não tomaram posse, 1 Ministério investido de poder executivo a 200%, 7 Parlamentos; 8 Presidentes da República, 45 Governos, 40 chefias de Governo etc.!!! Muitos deles corrompidos e corruptores sem qualquer formação na ética e interesse públicos. A I República foi totalmente responsável pela mobilização para a I Grande Guerra de cerca de 200.000 homens. Cerca de 10.000 seriam mortos e 20.000 ficariam inválidos. Ao contrário, Oliveira Salazar e o Estado Novo seriam capazes de evitar a II Guerra Mundial com, com certeza, perdas muito maiores. Sem prejuízo dos cerca de 10.000 torturados e mortos pela PIDE e afins. Se Vasco Pulido Valente concluiu que a I República era na prática uma “ditadura jacobina e urbana”, por ser também anti-Clerical, já Oliveira Marques encontra um “regime progressista e cada vez mais democrático, em contraste com a Ditadura de Salazar”. Ora, a perseguição à liberdade de consciência, religião e culto, é uma das características das ditaduras. Lembremos todos que em 10/10/1910, o governo do momento decretou “que todos os conventos, mosteiros e ordens religiosas seriam suprimidos”; “todos os moradores de instituições religiosas seriam expulsos e os seus bens confiscados”! Os jesuítas perderam a Cidadania Portuguesa. Fazendo lembrar algumas das acções concretas em 1759 de Sebastião José de Carvalho e Mello, o Marquês de Pombal. O Marquês expulsaria os Jesuítas, entre os quais muitos encontraram refúgio na Rússia com Catarina II (o próprio Vaticano com o Papa Clemente XIV extinguiu a Companhia de Jesus em 1773). Chegou-se na I República ao ponto de suprimir o ensino religioso nas escolas e proibir o uso de batina. Toques de sinos, adorações e celebração de festas religiosas foram parcial ou totalmente eliminadas! Imagine-se proibir a o Natal e a Páscoa ou as festas de St. António, S. Pedro ou S. João! Os Seminários passaram a estar sob vigilância. Afonso Costa – o professor catedrático de Ciências Criminais na Universidade de Coimbra, conhecido por “O Mata-Frades”, foi o cérebro da Lei da Separação do Estado das Igrejas, de 20/4/1911. Em 24/5/1911, o Papa Pio X publicou a Encíclica Lamdudum que censurava o anticlericalismo da “nova república” que cortava liberdades civis e religiosas, compactuando com excessos, e mesmo crimes contra a Igreja. Não somos contra a separação entre o Estado e a Igreja, pois isso é essencial ao Estado de Direito democrático. Somos, isso sim, contra todos e quaisquer excessos, onde “o justo paga pelo pecador”. Hoje, o wokismo desempenha um papel similar ao pensamento jacobino. O governo nomeado no dia 4/6/25 é um governo com alguns cancros éticos e políticos. Imaginem as coisas que ainda vão ser descobertas... Atentem.

Gonçalo S. de Mello Bandeira

Gonçalo S. de Mello Bandeira

6 junho 2025