Desde 1994, o Cicloturismo da Escola Secundária de Vila Verde tem sido mais do que uma simples atividade desportiva: é uma verdadeira experiência educativa, social e ambiental. Este ano - 4 a 6 de junho - atingimos a nossa 29.ª edição, celebrando décadas de aprendizagens feitas a pedalar (ou a caminhar ao lado da bicicleta) em convívio íntimo com a natureza.
Com o Parque Nacional da Peneda-Gerês como destino de eleição – embora já tenhamos ido a locais como Castro Laboreiro, Ponte de Lima, Goães ou Póvoa de Lanhoso – a atividade mantém-se fiel aos seus objetivos: promover o espírito de grupo, ensinar regras de segurança rodoviária, reforçar o respeito pela natureza e fomentar a responsabilidade individual e coletiva.
Ano após ano, a essência repete-se, mas cada edição é única. A renovação dos participantes, a experiência acumulada dos professores e a diversidade dos percursos tornam cada cicloturismo um novo desafio. Entre subidas exigentes, momentos de entreajuda e noites em camarata, os alunos crescem como cidadãos: aprendem a respeitar o espaço comum, a lidar com a frustração e a ultrapassar limites físicos e emocionais.
A componente pedagógica está sempre presente. São sempre relembradas normas de segurança, comportamentos de risco a evitar e o uso correto do equipamento. Durante a atividade, os alunos lidam com o cansaço, respeitam ritmos diferentes e interagem com a população local. Aprendem também a (usu)fruir da natureza, sem a ferir – “não deixar mais que pegadas, não tirar mais que fotografias e não levar mais que recordações”.
Há também espaço para a alegria e o humor. Por exemplo, os últimos a chegar a S. João do Campo este ano, com “cãibras até às orelhas”, justificaram o permanente atraso nas subidas por gostarem de apreciar calmamente a natureza. Apetece dizer: enganem-me que eu gosto.
Desde os tradicionais “cavalinhos” proibidos, passando pelas míticas atuações de karaoke, até às histórias partilhadas, tudo contribui para criar memórias duradouras. E nem a chuva, quando aparece, minora o entusiasmo: apenas acrescenta novas histórias ao histórico pois, habitualmente, e este ano não falhou, a dita acompanhou-nos.
O sucesso da atividade mede-se não só pelas inscrições que esgotam rapidamente, mas também pela “adesão” por interpostas pessoas, pois antigos participantes, hoje, como pais, incentivam os filhos a vivenciarem a mesma experiência. É a prova de que o Cicloturismo marcou e continua a marcar gerações. O advento das redes sociais permite-nos interagir com antigos cicloturistas que nesta altura interagem connosco, lembrando tempos passados e algumas tropelias que…já prescreveram.
No final, todos regressam mais ricos. Não apenas em recordações, mas em valores: solidariedade, resiliência, empatia e respeito. Esta é uma daquelas “aulas” que decorre fora da sala, 24 horas por dia e, muitas vezes, “também à noite”. Que o Cicloturismo da ESVV continue a ser exemplar numa escola que forma cidadãos plenos, capazes de pedalar pela vida com autonomia, consciência e alegria.
