Não tenho dúvidas da minha “sentença”. De apontar o dedo ao “culpado”. Há que ter a coragem e o discernimento de o dizer sem evasivas. O grande culpado das confusões políticas - por exemplo, criação do Chega e dos seus 1.345.689 “fascistas” - que vêm acontecendo desde 2015 até ao momento no país tem um nome: António Costa. No seu jeito manhoso, de bluff permanente, sempre protegido pela comunicação social e pelo comentariado avençado, acedeu ao poder sem o ganhar nas urnas, sabendo, entretanto, gerir com mestria a sua carreira política até ascender aos lugares cimeiras da Europa. Mais tarde, e sem mostrar grandes zelos e simpatias por Pedro Nuno Santos, colocou-o na rampa da descredibilização política com muita pinta. A verdade é que PNS, também ajudou ao desenlace, pondo-se sempre a jeito para ter este fim pouco recomendável.
1 - Com a radicalidade esquerdista na mente, com soberba pelas andanças do poder, com presunção estratosférica, apesar das suas magras e duvidosas qualidades intelectuais e da indefectível imaturidade, PNS não soube acompanhar os tempos, nem ler os movimentos de um mundo em transformação acelerada. Convenceu-se ele próprio que para chegar ao pedestal, bastava ver o panorama ao seu redor e dizer umas tontices para o poder lhe cair de mão beijada. Para consolidar a liderança, rodeou-se de uma plêiade de vassalos que o cortejavam como fosse um político prodigioso. Até os moderados do partido – Assis, Beleza, Sousa Pinto – se juntaram ao cortejo. A avidez desenfreada pelo poder consubstanciou-se numa tremenda derrota, arrumando-lhe os sonhos de, um dia, vir a ser primeiro-ministro. PNS está liquidado para a política. Pode, sem remissão, procurar outra profissão.
2 - As eleições de 18 de Maio vieram estratificar bem os campos políticos: a direita majoritária e a esquerda completamente aninhada, derrotada e em decadência. O pior problema da esquerda não é ter sido derrotada, porque isso é normal em democracia; o pior é a decadência evidente que se verifica no eleitorado mesmo no “fidelizado” e essa tendência está crescendo em ritmo acelerado, não só em Portugal como em toda Europa. A decadência é visível, porque “as ideias revolucionárias, demagógicas e populistas” não se encaixam nos novos tempos e deixaram de fazer sentido em sociedades que não se contentam com propagandeados secos e com ideologias a roçar a fanfarronice dos “amanhãs que cantam”, alicerçadas em construções fantasiosas de igualdades, de amplas liberdades e das políticas de “sol na eira e chuva no nabal”.
3 - Os cidadãos de hoje exercem os seus direitos de cidadania com uma outra racionalidade e abertura. Já não engolem, com facilidade, as tretas da distribuição gratuita, da subsídio-dependência, das solidariedades, da imigração escancarada. Este rosário de “dogmas” já não cativa o eleitorado jovem. Esse eleitorado rejeita de igual modo o poder centralizado dos politburos e exigem outras políticas, porque têm a consciência que a vida lhes pertence por inteiro. Ou seja, querem menos Estado e mais vida para além do Estado. Os exemplos são mais do que muitos e a juventude sabe disso. Neste campo, o que adianta agitar a bandeira do SNS, se na realidade este Serviço de Saúde não responde às necessidades em tempo útil? O que adianta andar com a Escola Pública na boca, se os políticos, de um modo geral, colocam os seus filhos na Escola Privada? O que adianta falar em Habitação a preços controlados se o mercado responde de maneira inversa? O que adianta insultar os eleitores do Chega de “fascistas” e ignorantes quando esses “fascistas” e ignorantes vieram do BE, do PCP e do PS?
4 - Se atendermos à realidade política da actualidade, o PS até não teve mau resultado eleitoral. O historial de falhanços governativos é a sua marca d’água. Para adensar o problema, o PS colocara na liderança, um político com uma pegada de confusões, de entorses, de arrogância que repudiava qualquer eleitor de fora da caixa ideológica. Deverá, por isso, dar-se por satisfeito com os 58 deputados conseguidos, (não mereciam mais) superando de longe o desastre acontecido com os socialistas na Grécia e na França.