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Comunicação desarmada e desarmante

1. O Papa Leão XIV reuniu em 12 de maio (tinha sido eleito na tarde do dia 08) representantes dos meios de comunicação social do mundo inteiro que estiveram em Roma para informar de acontecimentos da vida da Igreja relacionados com a morte do Papa Francisco e a sua eleição.

Agradeceu-lhes o trabalho feito e o modo como o fizeram. Manifestou a solidariedade da Igreja para com os jornalistas detidos por informarem de verdades incómodas para homens do poder. Lembrou a necessidade de uma comunicação diferente: «Uma comunicação que não procura o consenso a qualquer custo, que não se reveste de palavras agressivas, que não adere ao modelo da competição, que nunca separa a busca da verdade do amor com que humildemente a devemos procurar».

«A paz, disse, começa em cada um de nós: na forma como olhamos para os outros, ouvimos os outros, falamos dos outros; e, neste sentido, a forma como comunicamos adquire uma importância fundamental: temos de dizer “não” à guerra das palavras e das imagens, temos de rejeitar o paradigma da guerra».


 

2. Para Leão XIV «hoje, um dos desafios mais importantes é promover uma comunicação capaz de nos fazer sair da “torre de Babel” em que, por vezes, nos encontramos, sair da confusão de linguagens sem amor, muitas vezes ideológicas ou sectárias».

«Por isso, disse aos jornalistas, o vosso serviço, com as palavras que usais e o estilo que empregais, é importante.

Com efeito, a comunicação não é apenas a transmissão de informações, mas a criação de uma cultura, de ambientes humanos e digitais que se tornam espaços de diálogo e de confronto de ideias».


 

3. Lembrando a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais celebrado em 01 de junho afirmou: «desarmemos a comunicação de todos os preconceitos, rancores, fanatismos e ódios; limpemo-la da agressividade».

«Não precisamos de uma comunicação beligerante e musculosa, mas sim de uma comunicação capaz de escutar, de recolher a voz dos fracos que não têm voz».

«Desarmemos as palavras, disse, e ajudaremos a desarmar a Terra. Uma comunicação desarmada e desarmante permite-nos partilhar uma visão diferente do mundo e agir de forma coerente com a nossa dignidade humana».


 

4. Leão XIV «reiterou a solidariedade da Igreja para com os jornalistas presos por terem procurado relatar a verdade», solicitando a sua libertação.

«A Igreja reconhece nestes testemunhos - penso naqueles que narram a guerra mesmo à custa da própria vida - a coragem de quem defende a dignidade, a justiça e o direito dos povos a serem informados, porque só os povos informados podem fazer escolhas livres.

O sofrimento destes jornalistas presos interpela a consciência das nações e da comunidade internacional, chamando-nos a todos a salvaguardar o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa».


 

5. Relativamente ao trabalho dos jornalistas com quem reuniu disse: «Obrigado pelo que fizestes para sair dos estereótipos e dos clichés através dos quais muitas vezes lemos a vida cristã e a vida da própria Igreja. Obrigado, porque conseguistes captar o essencial daquilo que somos e transmiti-lo por todos os meios ao mundo inteiro».

Nem sempre se informa da vida da Igreja. Silencia-se. E quando se informa, muitas vezes não se informa bem. Esta é uma realidade.

Silva Araújo

Silva Araújo

29 maio 2025