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Tempos difíceis que vivemos

Desde o 25 de abril, se bem me lembro, tivemos seis governos com maioria absoluta, a saber: com Sá Carneiro do PPD (atual PSD) em 1979, e da AD (PPD e CDS) em 1980, com Cavaco Silva (PSD) em 1987 e 1991, com José Sócrates (PS) em 2005 e António Costa (PS e Geringonça) em 2022; e estes governos trouxeram ao país a desejada e necessária governabilidade.

Todavia, de 18/07/1974 a 19/09/1975 vivemos o PREC (Processo Revolucionário em Curso) onde a esquerda comunista, com o coronel Vasco Gonçalves a liderar os II, II, IV e V governos provisórios, liderava todas as ações governativas; e, se não fossem as forças democráticas (PS, PPD e CDS) e o Grupo dos Nove, militares de Abril, depressa caminhávamos para uma ditadura comunista às ordens de Moscovo.

Pois bem, os demais períodos governativos sobreviveram à custa de governos minoritários ou de iniciativa presidencial, onde sempre aconteceram coligações e acordos pré-eleitorais ou negociações parlamentares; e, deste modo viveram-se tempos difíceis e conturbados.

Atualmente, no espaço de pouco mais do que um ano, já vamos com duas eleições legislativas de que resultaram vitórias minoritárias da AD (PSD e CDS); e esta situação tem arrastado o país para a ingovernabilidade e para a intranquilidade que impedem a tomada das necessárias e urgentes medidas reformistas e governativas, tendo os partidos políticos agido entre si numa permanente guerrilha e balbúrdia institucional,

Pois bem, chegou o momento, após o resultado eleitoral de 19 de maio de que resultou a vitória minoritária da AD, dos partidos políticos falarem pouco e agirem mais, de trocarem as palavras pelos atos; ou seja, estamos na hora da tolerância, do diálogo, do bom senso e da cedência, pondo à frente dos interesses pessoais, partidários e de grupo em favor dos interesses nacionais.

Todos sabemos que já passamos, ao longo destes 50 anos de Democracia, por momentos como os que atualmente estamos a viver e soubemos dar-lhes a volta com mais ou menos dificuldades; e, sobretudo, agindo sempre com bom senso, coragem, diálogo e patriotismo.

Agora, mais do que nunca, o cerne da questão passa pelo palácio de Belém ou seja pelo presidente da República; e porque a hora é de lançar pontes e não de erguer muros, penso que Marcel Rebelo de Sousa saberá, à mesa das conversações com os dirigentes partidários, definir e alcançar o necessário consenso para a desejada governabilidade e estabilidade do país.

Depois, os tempos que se vivem a nível global também não são animadores e muito menos pacifistas; basta pensarmos nas guerras que perduram e arrastam consigo crises económicas e humanitárias não se vislumbrando sinais de abrandamento, de contenção, de cedência, de harmonia e de paz.

Por isso, temos de cerrar fileiras, de nos unir e pôr de lado divergências ideológicas e de tergiversações; e mormente, pensarmos que já vivemos momentos políticos bem piores nestes 50 anos de Democracia e os conseguimos vencer, graças ao elevado sentido de responsabilidade democrática das forças políticas de então.

Então, aqui reside um bom momento para a aproximação entre a AD e o PS, como no passado, quando se viveram crises de regime com o perigo eminente de perdermos a liberdade que nos foi dada pelo 25 de Abril; e, se então eram as forças de esquerda radical que tentavam tomar o poder, agora, através do CHEGA podemos caminhar para o domínio e radicalismo da direita.

Até porque, em alguns países da União Europeia os partidos da Direita avançam e até já se vão instalando no poder e com fortes ameaças aos regimes democráticos; e se analisarmos os resultados eleitorais dos últimos anos verificamos no país uma queda dos partidos de esquerda (PS, BE, PAN e CDU) em favor dos partidos da Direita.

Então, até de hoje a oito.

Dinis Salgado

Dinis Salgado

28 maio 2025