Começo por dizer que os meus saudosos pais emigraram, nos idos anos 30, para o Brasil e que a minha falecida irmã nasceu no Rio de Janeiro. Já o meu irmão emigrou para terras cariocas, há 70 anos e por lá continua. Tendo sido a regra, nessa altura, possuir carta de chamada. E é, ainda, graças aos emigrantes lusitanos e de outras nacionalidades que a terra de Santa Cruz se desenvolve. Isto para não falar do boom de emigração que tivemos, nos anos 60, para países como a França e a Alemanha para onde se deslocaram milhares de compatriotas nossos.
Ora, a tese de que Portugal precisa de mão de obra imigrante, a fim de colmatar a falta dela naquelas tarefas que os portugueses se recusam a desempenhar não e falácia, é um facto. Basta fazermos um périplo cá no burgo bracarense, sobretudo pela hotelaria, supermercados, construção civil e outros serviços necessários à vida do quotidiano citadino, para constatarmos a sua presença.
Atrevendo-me a dizer que raras são as empresas do país que não tenham ao seu serviço um funcionário, ou funcionária, oriundos dos chamados PALOP. E, segundo creio, devidamente legalizados, acomodados, integrados e com a vantagem de não só falarem a nossa língua, como saberem os nossos hábitos e forma de viver.
Agora, do jeito que temos recebido migrantes e refugiados em catadupa e, a seguir, vermo-los a esbarrar-se na dificuldade na obtenção de documentação, de um emprego e alojamento condigno, é confrangedor. Até dá dor d’alma vê-los à porta da AIMA e dos Serviços Consulares em longas filas de espera. Só me interrogo como foi possível os nossos governantes terem permitido a entrada de cerca de 1, 6 milhões seres humanos e deixem um milhão ao Deus dará, sem trabalho, teto e, claro, zero de impostos e descontos para a S. Social.
Depois, não se pode medir tudo pela mesma bitola, a de que vêm todos para cá, mas não querem trabalhar. Muitos desses imigrantes vieram em busca de paz, salário, pão e abrigo. Fugidos à miséria dos seus países, à ausência de perspetivas futuras de conseguirem o básico para viver. Enquanto por aqui há um Estado Social, Banco Alimentar, as IPSS e a Igreja Católica que os vai amparando. Só é pena que não tenham sido preparados os serviços públicos, como o SNS, para atender tanta gente.
Passo a citar três exemplos de integração: a comunidade brasileira, a africana e a chinesa. As duas primeiras vemo-las por aí em tudo quanto é ofício: é gente alegre, aberta, propícia à convivência e ao diálogo. Já a outra, é simpática, empreendedora, vive em família e dedica-se aos negócios.
Mesmo assim, devemos ter consciência de que não somos um país rico dentro da União Europeia. Ainda que o fosse, não seria caso para se facilitar a entrada descontrolada de estrangeiros. Veja-se o que se está a passar em terras de sua majestade, um dos reinos europeus mais abastados, cujo seu 1º Ministro, Keir Starmer, da esquerda trabalhista, veio anunciar a mudança de política governativa no que concerne à imigração. Declarando ter deportado 24.000 imigrantes ilegais e que não irá parar por aí.
A situação atual, dá azo a que casos como o noticiado no JN, de 8 de maio pp, que nos dava conta de ter sido descoberta pela PJ uma funcionária-toupeira, integrada numa rede de 13 cúmplices, a furar a legalidade dentro do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Forjava documentação a ser entregue a imigrantes, a troco de generosas quantias, tendo-lhe sido apreendidos 1 milhão de euros, bens valiosos e material de falsificação. Numa prova evidente de que é às máfias que convém a vinda, aos magotes, dessas incautas almas.
Enfim, tudo deve ser feito de forma racional e justa. E que a justiça atue sobre os prevaricadores, sejam eles quais forem. Já o país deverá aproveitar o “trigo” e dar à “palha” o devido destino, ou seja, devolvê-la à terra de origem. Sim, porque os portugueses emigrados, quando não cumprem as regras lá fora, ou se portam mal, sujeitam-se ao mesmo.