1. «Ser comunicadores de esperança, começando pela renovação do vosso trabalho e missão segundo o espírito do Evangelho», é o convite que o Papa Francisco fez aos jornalistas na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais que se celebra em 01 de junho.
Tornada pública em 24 de janeiro, dia da memória litúrgica do Padroeiro, S. Francisco de Sales, tem por tema «Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações (cf. 1 Pd 3,15-16)».
2. Salientando a «necessidade de “desarmar” a comunicação, de a purificar da agressividade», o Papa escreve:
«Hoje em dia, com demasiada frequência, a comunicação não gera esperança, mas sim medo e desespero, preconceitos e rancores, fanatismo e até ódio».
«Muitas vezes, simplifica a realidade para suscitar reações instintivas; usa a palavra como uma espada; recorre mesmo a informações falsas ou habilmente distorcidas para enviar mensagens destinadas a exaltar os ânimos, a provocar e a ferir».
3. Consciente desta realidade, o Papa manifesta o desejo de uma outra comunicação. E escreve:
«Sonho com uma comunicação que saiba fazer de nós companheiros de viagem de tantos irmãos e irmãs nossos para, em tempos tão conturbados, reacender neles a esperança.
Uma comunicação que seja capaz de falar ao coração, de suscitar não reações impetuosas de fechamento e raiva, mas atitudes de abertura e amizade; capaz de apostar na beleza e na esperança mesmo nas situações aparentemente mais desesperadas; de gerar empenho, empatia, interesse pelos outros.
Uma comunicação que nos ajude a «reconhecer a dignidade de cada ser humano e a cuidar juntos da nossa casa comum» (Carta enc. Dilexit nos, 217)».
«Sonho com uma comunicação que não venda ilusões ou medos, mas seja capaz de dar razões para ter esperança».
«Precisamos de nos curar da “doença” do protagonismo e da autorreferencialidade, evitar o risco de falarmos de nós mesmos: o bom comunicador faz com que quem ouve, lê ou vê se torne participante, esteja próximo, possa encontrar o melhor de si e entrar com estas atitudes nas histórias contadas».
«Uma comunicação atenta, amável, refletida, capaz de indicar caminhos de diálogo.»
«Encorajo-vos, portanto, a descobrir e a contar tantas histórias de bem escondidas por detrás das notícias».
«É importante encontrar estas sementes de esperança e dá-las a conhecer. Ajuda o mundo a ser um pouco menos surdo ao grito dos últimos, um pouco menos indiferente, um pouco menos fechado».
4. Sugerindo caminhos a seguir, o Papa deixa um conjunto de pistas:
«Sede mansos e nunca esqueçais o rosto do outro; falai ao coração das mulheres e dos homens ao serviço de quem desempenhais o vosso trabalho».
«Não permitais que as reações instintivas guiem a vossa comunicação. Semeai sempre esperança, mesmo quando é difícil, quando custa, quando parece não dar frutos».
«Procurai praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da nossa humanidade».
«Dai espaço à confiança do coração que, como uma flor frágil mas resistente, não sucumbe no meio das intempéries da vida, mas brota e cresce nos lugares mais inesperados: na esperança das mães que rezam todos os dias para rever os seus filhos regressar das trincheiras de um conflito; na esperança dos pais que emigram, entre inúmeros riscos e peripécias, à procura de um futuro melhor; na esperança das crianças que, mesmo no meio dos escombros das guerras e nas ruas pobres das favelas, conseguem brincar, sorrir e acreditar na vida».
«Sede testemunhas e promotores de uma comunicação não hostil, que difunda uma cultura do cuidado, construa pontes e atravesse os muros visíveis e invisíveis do nosso tempo».
«Contai histórias imbuídas de esperança, tomando a peito o nosso destino comum e escrevendo juntos a história do nosso futuro».