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Algumas reflexões sobre estas eleições

Luís Montenegro conseguiu sair desta crise provocada pelas oposições com muito mais força política, mais legitimado para continuar o ímpeto reformista do país, agora no seu segundo governo, e com uma imagem de estadista inquestionável no país.

É o grande vencedor destas eleições, com um capital político muito reforçado, tendo ultrapassado, em muito, a maioria tangencial que obteve em 2024.

A esquerda, na sua ânsia voraz de reconquistar o poder, não percebeu no fosso em que caía ao não aprovar a moção de confiança, em se lançar em acusações falsas sobre o primeiro ministro, tendo o tempo, ao longo do tempo, demonstrado a inexistência de qualquer facto real, concreto e objetivo que fundamentasse as acusações mentirosas lançadas a um cidadão íntegro, trabalhador e profissionalmente muito competente.

É inegável que o CHEGA foi um partido que também teve uma vitória eleitoral tendo consolidado a sua base de apoio, ao arrepio do que se esperava quando também provocou esta crise política.

Foi a derrota do PS na sua versão mais radicalmente à esquerda, iniciada por António Costa.

António Costa nunca reformou o país, aliás, como ele próprio disse, esperava que os problemas aparecessem para os poder resolver, sem os antecipar e anular e foi um governante cansado, sem ambição, de um governo sem ânimo e sem ter paciência para aturar as reivindicações dos seus antigo parceiros da geringonça como se percebeu, quando não repetiu a geringonça sem, contudo, nunca se afastar dela.

Como o costume saiu pessoalmente airoso mas com tudo destruído à sua volta devido à sua pessoal ambição política.

Como é que esta esquerda, quer a socialista, quer a esquerda comunista, quase sempre de mãos dadas, poderia esperar apoio permanente dos seus habituais eleitores se cada vez se afastava mais das verdadeiras necessidades do povo?

Esta esquerda olha para o seu umbigo, fala apenas com ela própria, entretém-se entre si, dentro da sua própria bolha, apoiada numa comunicação social que fez exatamente o mesmo e que descolou dos interesses do povo.

Alguém, com o seu inteiro juízo, face ao marasmo socialista em que o país se encontra acha que a entrada, em escassos anos, de mais de um milhão e meio de imigrantes não iria afetar a vida dos portugueses e dificultar a vida de quem chegava ?

Alguém acha que o deficiente sistema de saúde, onde se gastou milhões e milhões de euros ineficientemente em dezenas de anos, se desenvolve com medidas de âmbito ideológico, sem atender ao real problema de cada doente ?

Alguém acha que a crise da habitação, herança socialista, se resolve com medidas que fazem lembrar as políticas comunistas ?

Alguém acha que é atirando subsídios e mantendo as pessoas em dificuldades financeiras para ficarem dependentes umas migalhas, deixado emocionalmente gratas ao governo socialista, não iria ter duras consequências? Portugal não é América do Sul!

Alguém acha que o descontentamento das classes profissionais frustradas com as suas carreiras, com o seu nível de vida, com a sua falta de perspetiva de desenvolvimento profissional, não iria ter efeitos na posição da esquerda em Portugal?

António Costa, Pedro Nuno Santos, sem esquecer Alexandra Leitão, pagaram um preço muito alto face à política governativa e partidária que escolheram.

O que mais me impressiona é o facto de muitos eleitores permanentes do PS terem agora votado, sem hesitar, diretamente no CHEGA. A votação ocorrida no concelho de Guimarães, concelho com trabalhadores de base operária com um elevado número de trabalhadores a receberem o salário mínimo nacional, poderá constituir uma base de estudo deste fenómeno. É bom não esquecer que as mais sangrentas ditaduras na Europa do século XX tiveram os seus líderes legitimados por eleições e com imenso apoio das classes profissionais com mais dificuldades na vida.

O atualmente impreparado e radical PS, que governou desde 1995 cerca de 28 anos, terá agora de perceber que tem de fazer um longo caminho de apoio às medidas necessárias para o desenvolvimento e reforma de Portugal se quiser, um dia, voltar a ser o que já foi.

O PS, se quiser fazer o que Pedro Nuno Santos defendeu na sua infantil e atabalhoada despedida, poderá, num prazo não muito longo, acontecer-lhe o que aconteceu com o resto da esquerda e passar a ser um partido residual no sistema político português.

Quanto ao CHEGA, será objeto de reflexão num texto ulterior a este.

Agora, a AD vai desenvolver e governar Portugal por muitos e longos anos !

Joaquim Barbosa

Joaquim Barbosa

21 maio 2025