A pasta da Saúde é demasiada sensível e imprescindível para estar agarrada à ideologia. A qualquer ideologia. Saúde e Ideologia não casam. Nem rimam. De modo nenhum. A Saúde é para curar o corpo e a alma; a ideologia para intoxicar e calcificar a mente. Parece que há dúvidas nesta matéria em algumas cabecinhas pensadoras! A Saúde não é, nem pode ser de esquerda ou de direita. A Saúde é de todos e para todos. Atempada e eficiente.
Se se perguntar aos portugueses qual é o Sistema de Saúde mais desejado e preferível, não tenho dúvidas que 100% selecionariam a opção SNS - Serviço Nacional de Saúde. Não vale a pena apontar as razões que levariam, efectivamente, as pessoas a fazer essa escolha, porque as razões são óbvias, sendo o item “sem custos para o utilizador”, talvez, a mais pertinente.
1 - O SNS, âncora do sistema, fundamental para a vida das pessoas, está em exaustão. Daí, as listas de espera no todo nacional, com mais pressão numas zonas do que noutras, mas com listas, claro, para consultas de especialidade, cirurgias, médicos de família.
Não é aceitável que haja um número a rondar os 1,7 milhão de utentes sem médico de família num país com muita oferta de unidades de Saúde e até de médicos, enfermeiros, técnicos de saúde e outros. Como é possível perceber e não se incomodar com o “drama” de ver pacientes a deslocarem-se em magotes aos Centros de Saúde, pela madrugada, sabendo que, só por sorte, poderão ser atendidas, uma vez que os Serviços de Saúde não respondem, nem correspondem a tantas solicitações ou necessidades.
2 - A Saúde é mesmo negócio, ao contrário do que diz a nossa esclarecida esquerda. Se não o fosse, não haveria 3,7 milhões de portugueses (número de 2024) com Seguros de Saúde. Ninguém está disponível a “encher os bolsos” às Companhias de Seguro, se o SNS fosse mesmo capaz e eficaz nas respostas. Ora, é compreensível que esses 3,7 milhões de segurados, não estando fora do SNS, também não o pressionam de forma a que possa actuar nos que não têm possibilidades financeiras de suportar este custo anual que não é pouco.
3 - Outra ajuda ao SNS - A ADSE movimenta 1 milhão, 318 mil e 848 beneficiários (dados de 2023), em que 58 mil não contribuem com qualquer montante para o Sub-sistema por auferirem um salário menor que 635 euros. Isto quer dizer que quem mais ganha, mais contribui; quem menos ganha, menos contribui, estando, entretanto, garantidas a todos, todas as valências, de igual modo, na Saúde. Eu, por exemplo, desconto 3,5% da minha pensão por mês em catorze meses, o que dá um valor próximo dos 1500 euros/ano. O governo, como é sabido, não coloca, no Orçamento do Estado, um único cêntimo na ADSE.
Não será a ADSE o melhor e o maior cliente dos Serviços Privados de Saúde? E porquê? Não foi a ADSE uma criação “discriminatória” do Estado Novo? E ainda existe! Porquê?
4 - Mesmo com os 3,7 milhões de Segurados e com cerca de 1,4 milhões de beneficiários da ADSE, não contando com outros Sub-sistemas de Saúde activos, o SNS tem imensas dificuldades em prestar um serviço de Saúde de qualidade e em tempo útil. Se assim é, por que razão não se usar a capacidade instalado da Saúde Privada para resolver o “drama” das listas de espera? Só pode ser por Ideologia! A tal ideologia que é, fantasticamente, contra tudo que seja privado. Isto não é típico de um esquerdismo retrógrado?
Uma nota simplesmente marginal - Fui formado para ensinar crianças a “ler, escrever e contar”. A resolver problemas simples. A desenvolver o espírito crítico. A usar a cabecinha. A desvendar alguns “mistérios” do mundo. Por outro lado, não tenho formação, nem habilitações didácticas para ensinar literacia interpretativa a adultos. Isso não tenho. Ponto final parágrafo.