Quem for imprudente e fantasista, corre o risco de ver a sua vida a mudar, num instante, como acontece com o tempo em dias de Inverno. Ora se está em boa maré, ora a maré se torna tempestuosa. E depois é muito complicado acertar a agulha magnética. E como um azar nunca vem só, a vida se enrodilha para não haver mais norte, mesmo que nos queiram impor uma outra “bússola” para encontrar a orientação que seja, efectivamente, mais realista e menos invernosa.
1 - Vem isto a propósito da nova capa comportamental do líder dos neo-socialistas. Durante anos, andou este político a investir forte e a construir uma imagem de radical, espalhando brasas por todos os lugares para ser notado. Meteu-se com os banqueiros alemães; fomentou a coligação negativa com os extremistas de esquerda; vangloriava-se com a aprovação dos Orçamentos de Estado; desafiou o seu primeiro-ministro com uma exposição televisiva para anunciar a localização do novo aeroporto; despediu centenas de trabalhadores da TAP; deu o aval, por mensagem do whatsApp, para se indemnizar Alexandra Reis e activou outras intervenções desnecessárias, precipitadas e extemporâneas. Esta era a sua marca d’água!
2 - A política nacional não pára de nos surpreender. Depois de um grande fartote de novidades, ligado à vida empresarial de Luís Montenegro e de um longo pacote de “investigações” a vasculhar a sua vida e dos seus familiares, chegou a vez do tempo acertar contas com o líder do Rato. Assim, quem se preocupou em semear ventos vai sentir na pele os efeitos nefastos das tempestades de insinuações que tinham sido lançadas sem uma base legal. Para já, na sua imprudência “congénita”, PNS vai barafustando contra tudo e contra o Ministério Público para se libertar das algemas das suspeitas. O incómodo que sente é muito, como bem o demonstra o seu comportamento titubeante. PNS é, hoje, um político inseguro. E a praguejar!
3 - Por mais pressas que Pedro Nuno Santos tenha na exigência de ser ouvido pelas entidades investigadores da PGR, a fim de se libertar das queixinhas anónimas que o “incriminam” de irregularidades na compra de duas casas, e não só, o processo, por certo, vai ser demorado, dando tempo suficiente para o esturricar na praça pública se isso for necessário. É isso, justamente, que PNS não quer neste período eleitoral.
É claro que estas investigações lhe trarão indisposições de ordem pessoal e, naturalmente, familiares. O expositor público está montado e será demolidor para gáudio dos seus adversários políticos, embora estes não o manifestem abertamente.
Esta denúncia, na ideia de PNS, foi um golpe político baixo do Ministério Público. O agora encapado líder neo-socialista tudo tem feito para não mexericarem no assunto. A altura de divulgar os berbicachos dos negócios do casario é demasiada redutora e pode ser penalizadora para os seus sonhos de um dia ser primeiro-ministro. A verdade é que PNS está enfraquecido. É notório pelo frenesim que lhe associou, dispondo-se, em jeito de limpar imagem, a disparar tiros de pólvora seca contra Luís Montenegro como este fosse o seu porto de abrigo.
4 - A verdade é que ninguém gosta de se ver metido nestas alhadas. Ninguém gosta de ver a sua vida devassada e exposta publicamente. Ninguém gosta de ser esmagado por suspeitas. Para adensar o nervosismo de PNS, as sondagens têm sido madrastas e não o ajudam na sua afirmação como líder e não são um bom tónico motivador para dar a volta a situação.
A mudança estratégica comportamental imposta pela agência de marketing também não se ajusta bem à personalidade truculenta que o caracterizou desde os tempos da Jotinha. Cada um é como é! Nada de fintas!
A mudança repentina na expressão facial e na intervenção oral não o vai favorecer perante o eleitorado que se habituou a vê-lo e a conhecê-lo como uma pessoa áspera, zangada com o mundo e, genericamente, muito imprudente.