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Uma escolha responsável e livre

À porta das eleições legislativas do Domingo (18 de Maio), tempo é de refletir seriamente sobre a nossa opção política, ou seja sobre a escolha que vamos fazer; e porque a nossa Democracia está num estado de debilidade e inatividade consideráveis, mais necessário e urgente se justifica uma escolha séria, responsável e livre.

Sabemos que em qualquer ato eleitoral sempre há fenómenos de aguçada partidarite e participação de múltiplos eleitores, quer por militância, quer por desresponsabilização; depois, seja por desconhecimento absoluto dos programas eleitorais dos partidos, seja pelas falsas promessas debitadas por muitos candidatos, a votação acertada, certa e concludente nem sempre resulta abonatória e certeira.

Então, quando as redes sociais têm sido um meio evidente de convencimento, de lavagem de cérebros e, até, de pressão psicológica sobre os eleitores menos atentos e esclarecidos, o perigo de falhar a escolha desejada dos candidatos melhor preparados, sérios e competentes resulta num acentuado falhanço; por isso, a cedência a este fenómeno de propaganda viciada, pouco ou mesmo nada séria, levada a cabo por meias-verdades ou inteiras mentiras (fake news), obsta a um escrutínio responsável e atento de programas e verdades eleitorais.

Pois bem, muitas vezes nos confrontamos com escolhas eleitorais de alguns candidatos políticos pouco sérios, demagogos, mentirosos e, até, corruptos, feitas por eleitores que ou não têm a necessária informação sobre a idoneidade ética de tais candidatos ou, pura e simplesmente, viram costas aos atos eleitorais; e esta mais não é do que uma forma de negar a força e o pleno alcance da Democracia em todos os vetores (políticos, sociais, económicos e culturais) que, mesmo não sendo, como sabemos, um regime político perfeito é, sem dúvida o menos mau de todos eles.

E, então, frequentemente, a este propósito, tais eleitores desculpam-se justificando esta sua nefasta atitude dizendo que, afinal, quase todos são iguais: mentem e são pouco sérios, mas sempre vão fazendo alguma coisa, e a corrupção não passa de uma enorme falácia, uma vez que a Justiça nem sempre a consegue devassar e escrutinar convenientemente; e, inclusive tais eleitores ainda acrescentam que dificilmente acreditam na justiça e que não valorizam a integridade nem a lisura ética que possam resultar dos atos eleitorais.

Depois, todo o processo que conduz à escolha dos candidatos não é limpo e transparente e nem tem em vista a ligação entre eleitores e eleitos; e, então é fácil vermos que, na organização das listas eleitorais de candidatos que são apresentadas para escolha dos eleitores, vigora muitas vezes a lógica dos aparelhos partidários onde a luta interna entre fações e órgãos locais e nacionais é acentuada e perentória.

Também, por isso não tem existido da parte dos partidos políticos vontade em rever e adaptar a legislação eleitoral a fim de obterem dos eleitores uma maior e empenhada participação na escolha dos candidatos aos cargos públicos; por exemplo, uma reforma eleitoral séria e envolvente deve apontar para a criação do voto preferencial ou para a introdução de um sistema eleitoral misto com uma componente monominal e uma componente proporcional que, assim, viria reforçar a representatividade e valorizar a ligação necessária e urgente entre os partidos políticos, a sociedade civil e os eleitores.

Ora, sabemos que é difícil o entendimento entre os grandes partidos e os pequenos partidos para levar avante esta reforma eleitoral deveras fundamental; mas que ela é fundamental para a valorização, reforço e dinamização da nossa Democracia é inegável. Entretanto, enquanto esperamos que tal aconteça, não desanimemos, pois este facto não é motivo suficiente para nos afastar das urnas e do nosso direito e dever de votar com consciência e dinâmica e a certeza de que a vida democrática que temos no momento bem precisa da responsabilização e ativação de todos; ademais, porque este não é tempo de cedências a chantagens e falsas promessas que nos são permanentemente debitadas e, muito menos, a promessas de eldorados que nos vão sendo apresentadas.

Além disso, muito menos devemos ceder à escolha de candidatos sem qualquer experiência de vida política comprovada e assinalada; e, sobretudo, com provas dadas e garantidas, em atos de governabilidade e demonstrações públicas, de competências profissionais e, como tal, sejam apontados como exemplos de seriedade, ética e estadismo.

Então, até de hoje a oito.

Dinis Salgado

Dinis Salgado

7 maio 2025