A infertilidade é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo definida como a incapacidade de engravidar após um ano de relações sexuais regulares e desprotegidas. Este diagnóstico pode desencadear uma série de reações emocionais, incluindo sentimentos de inadequação, frustração, vergonha, baixa autoestima, ansiedade e tristeza, com implicações não só na saúde mental do indivíduo diagnosticado, mas afetando também a saúde do casal.
Os tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA) têm vindo a transformar-se em soluções essenciais para casais que enfrentam dificuldades em conceber ou, por outro lado, para as mulheres que, não tendo parceiro, aspiram à parentalidade. No entanto, os próprios tratamentos têm um impacto significativo na saúde mental dos indivíduos envolvidos, merecendo a nossa atenção.
A evidência demonstra que os tratamentos de PMA, embora ofereçam esperança, podem intensificar um conjunto de sentimentos negativos, devido à sua complexidade e aos resultados incertos. Estudos indicam que os casais submetidos a esses tratamentos experienciam níveis elevados de ansiedade e depressão, especialmente quando os ciclos de tratamento são repetidos e/ ou não resultam em gravidez.
As mulheres, naturalmente, enfrentam desafios particulares durante os tratamentos de PMA. A pressão social e pessoal para a maternidade pode ser avassaladora, e o medo do fracasso pode aumentar o stress. Cerca de 22% das pessoas em tratamentos de reprodução assistida relatam ansiedade, e 10% desenvolvem sintomas depressivos. Além disso, a experiência de procedimentos médicos invasivos e a necessidade de monitorização constante podem afetar a autoestima e a perceção corporal das mulheres, potenciando ainda mais a ansiedade e a depressão.
Estes tratamentos podem ter também um impacto significativo na saúde mental e na própria rotina do casal. Os altos níveis de stress, ansiedade e incerteza, devido à espera pelos resultados e à possibilidade de falhas nos ciclos, podem ainda ser agravados por questões de fertilidade não resolvidas, frustração com tratamentos repetidos e desafios financeiros. Esses fatores podem gerar sentimentos de inadequação, tensão no relacionamento e até mesmo depressão.
Dada a intensidade emocional associada aos tratamentos de PMA, o apoio ao nível da saúde mental torna-se fundamental. Com apoio psicológico e uma comunicação aberta, muitos casais conseguem lidar melhor com as adversidades, promovendo a resiliência emocional e estratégias de confrontação eficazes e melhorando a qualidade de vida durante o processo. Estudos demonstram que os casais que mantêm uma atitude positiva e esperançosa durante o processo de reprodução assistida têm taxas de sucesso mais elevadas.
Embora os tratamentos de PMA ofereçam uma oportunidade para a realização do sonho da parentalidade, é crucial reconhecer e abordar os desafios psicológicos que acompanham este processo. O suporte emocional adequado pode ser determinante para o bem-estar dos indivíduos envolvidos e para o sucesso dos tratamentos.