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Agora, reze por nós!

O Papa que veio do «fim do mundo» manteve-se em missão neste mundo até ao fim. 

Na manhã de segunda-feira, poucas horas depois de ter vindo saudar a multidão da varanda da Praça de São Pedro, «passou deste mundo para o Pai» (cf. Jo 13, 1). Em plena semana da Páscoa, consumou assim a sua própria Páscoa.

A sua peregrinação terrena termina quando a humanidade se afunda, uma vez mais, num atoleiro de ódios e conflitos que tanto molestaram o seu coração.

Ainda assim, centrou o Jubileu em curso na «esperança que não engana» (Rom 5, 5). E, apesar das evidências em sentido contrário, não desistiu de «sonhar que as armas de calem e deixem de difundir destruição e morte».

Divisou a necessidade de instaurar «uma aliança global em prol da esperança». Nela devemos permanecer alegres (cf. Rom 12, 12), mesmo na iminência da morte.

«Em virtude da esperança, temos a certeza de que a história não corre para uma meta sem saída nem para um abismo escuro, mas está orientada para o encontro com o Senhor».

É na esperança que verdadeiramente fazemos «sínodo». É na esperança que temos de «caminhar juntos», como nos propunha no início da Quaresma.

Para isso, é preciso pensar com o coração. O coração não é prioritariamente um órgão do corpo; o coração sinaliza o centro vital do homem. 

Salta, portanto, à vista que, para mudar a humanidade, temos de «reformar o nosso coração».

Do Coração de Jesus «continua a correr aquele rio que nunca se esgota, que não passa, que se oferece sempre de novo a quem quer amar». É amando – e nunca armando – que se fará a revolução que falta: a revolução «no» e «do» coração.

É junto de Jesus que se alicerça a «Igreja em saída», tão insistentemente conclamada pelo Papa Francisco em todo o seu ministério.

A pobreza de Cristo que nos enriquece «é Ele fazer-Se carne, tomar sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, comunicando-nos a misericórdia infinita de Deus». 

É, portanto, no humano que Cristo deve ser procurado. 

Ele o atestou: «Tudo o que fizestes a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).

É imperioso estar com Cristo que nos envia às pessoas. 

O Papa Francisco levantava-se de madrugada para rezar e confiava-se incessantemente à oração dos outros: «Rezem por mim» – tornou-se o seu pedido insistente.

Não há tempo para rezar? Ou não existe vontade de rezar? 

O problema é que nos tornamos escravos do relógio. Esquecemos que só «o Senhor é o “relógio” da vida».

Santidade, agora é a nossa vez de pedir. «Reze por nós»: para que a Igreja leve Cristo à humanidade e para que ajudemos a humanidade a reencontrar-se em Cristo.

Que nós percebamos – de uma vez para sempre – que é o amor que «cura» a vida, que é o amor que nos salva. Por tudo obrigado, Santidade!

João António Pinheiro Teixeira

João António Pinheiro Teixeira

23 abril 2025