1. Se não temos cuidado, também em relação à Páscoa corremos o risco de nos deixarmos levar pela sociedade de consumo. Esquecido o Sacrifício Redentor de Cristo Ressuscitado salienta-se a riqueza do folar. Converte-se a Páscoa numa boa refeição e numa boa prenda aos afilhados.
E a vivência do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Jesus? E a vivência da Páscoa como passagem a uma vida cada vez mais vivida de harmonia com o Evangelho? E a Páscoa semanal com a celebração cristã do domingo?
2. Ser cristão é dar testemunho da ressurreição de Jesus vivendo como ressuscitado. À cristão e não à pagão. Em paz com Deus, com os outros e consigo mesmo. Pondo em prática o mandamento novo do Amor. Passando a viver de uma outra maneira.
3. A celebração da Páscoa deve levar a uma participação, cada vez melhor, na Missa.
Participação, sempre que possível, presencial. Acompanhar a Missa pela rádio ou televisão pode ser bom para quem não tem possibilidades de ir à igreja. É o caso de doentes e idosos. Estes até podem solicitar que lhes levem a casa a Sagrada Comunhão. Também para isso existem os ministros extraordinários da comunhão. Mas quem não está legitimante impedido é na igreja que deve cumprir o preceito de participar na Missa nos domingos e dias santos de guarda.
4. Celebrar a Páscoa é tomar consciência de que a Via-Sacra não terminou. Cristo continua a sofrer em inúmeras pessoas vítimas das guerras e de outras formas de violência. Do desprezo e da marginalização. Da exploração e da ganância. À espera de quem as ajude a ressuscitarem para uma vida autenticamente humana.
Que faço eu para aliviar o sofrimento dos outros? Até que ponto – com o meu feitio, as minhas exigências, as minhas manias, os meus comentários – sou causa de sofrimento para os outros, a começar pelas pessoas que vivem comigo?
5. Lê-se no Evangelho de S. Mateus (28, 8-15) que os inimigos de Jesus, perante a realidade do sepulcro vazio e renitentes em aceitarem a Ressurreição, subornaram os guardas. Deram-lhes avultada soma para que dissessem: enquanto dormíamos, os discípulos roubaram o corpo do Crucificado.
Celebrar a Páscoa é saber estar ao serviço da verdade e da justiça. É não dar crédito a boatos. É não alimentar campanhas de desinformação. E divulga-se tanta aldrabice…
6. A vivência da Páscoa, em muitas localidades, inclui a Visita Pascal.
Na manhã do terceiro dia após a morte do Senhor, estando os Apóstolos, com as portas fechadas, com medo de que também os molestassem, reunidos numa sala, são surpreendidos com a aparição de Jesus Ressuscitado. O mesmo Jesus que tinha sido morto. Em cujo corpo se viam os sinais dos cravos que o prenderam à cruz e da lança que lhe furou o peito. Nessa mesma sala desceu sobre eles o Espírito Santo que Jesus lhes tinha prometido. E aqueles que o medo tinha fechado e emudecido saem para a rua a anunciar, destemidamente, a Ressurreição de Jesus.
Quiseram proibi-los. Ameaçaram-nos. Prenderam-nos. Compraram, como lembrei, testemunhas para, com seus falsos depoimentos, os descredibilizarem. Mas o poder do Ressuscitados soltou-os da prisão. O Espírito Santo deu-lhes coragem. E quando os quiseram fazer calar, Pedro disse bem alto: não podemos deixar de dizer o que vimos e ouvimos.
Hoje, com a Visita Pascal, fazemos coisa semelhante: anunciamos a Ressurreição de Jesus.
7. A alegria da Ressurreição é vivida no seio da comunidade familiar, que faz festa. É vivida e anunciada entre as famílias que se visitam e convivem. É vivida e anunciada por toda a paróquia – a igreja local – que envia uma embaixada, de porta em porta, a comunicar a boa notícia da Ressurreição de Jesus e da salvação que Ele nos mereceu.