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A Semana Santa e os seus dias

No Domingo de Ramos começa a Semana Santa, que para nós, filhos da Igreja, é um período de tempo que nos deve recordar que a atitude de Cristo para com os homens é de um amor extremo, porque tudo faz para que o fim que levou Deus a criar-nos se cumpra: alcançarmos a felicidade integral, o Reino dos Céus, que é uma participação perene na perfeição absoluta do nosso Criador. 


 

Quando lemos no Evangelho do domingo de Ramos a entrada triunfal em Jerusalém de Jesus sentimo-nos contagiados com a alegria de tanta gente que o vitoriava, certamente agradecida por tudo o que d’Ele ouvira e por tudo o que sabia havia feito ao longo dos seus anos de pregação, apesar da oposição de alguns personagens mais relevantes na vida de Israel. Parece-nos uma recepção, que manifesta justiça: era preciso premiar todo o bem que Jesus deixara à sua passagem. Tantos doentes ficaram curados de moléstias duras e incuráveis, mortos que voltaram à vida e que belos ensinamentos nos deixou, certamente fundamentados numa caridade incomparável.


 

Na quinta-feira compreendemos que Jesus quer mesmo ajudar-nos, oferecendo-Se como alimento da nossa vida espiritual. Não poderíamos imaginar outra forma de ser mais nosso amigo: dá-se-nos como comida que nos fortifica e nos fornece a energia de que necessitamos para compreender bem a sua mensagem de amor absoluto, em primeiro lugar, a Deus, que nos deu a existência e também a todos os homens, que Ele quis fossem seus filhos, objecto do seu amor paternal.


 

Na sexta-feira surpreende-nos que tendo feito tantos milagres verdadeiramente espectaculares, ou seja, esbanjando da sua parte tanto bem-fazer e tanto poder, seja pregado a uma cruz, rodeado por dois malfeitores e sofra a humilhação de ser condenado à morte como eram os que cometiam crimes e não mereciam continuar entre nós. Se aqui acabasse a sua vida de forma definitiva, toda a sua pregação e todos os seus actos perderiam todo o valor.


 

O Sábado é um dia silencioso e, tanto quanto parece, um tempo de estranheza. Como é possível que quem ressuscitou mortos e curou doentes acabe a sua existência desse modo? Jesus tinha dito que ressuscitaria ao terceiro dia. Mas a verdade é que o seu corpo morto já foi no dia anterior posto num sepulcro e aí jaz, como todos os seres humanos quando acabam a sua vida. Tanto assim, que um grupo de mulheres que O acompanharam e ajudaram nas suas deslocações de evangelização, prepararam aromas e bálsamos no dia anterior, para, passado o sábado, poderem tratar o cadáver do Senhor, segundo os costumes judaicos.


 

Elas, de acordo com S. Lucas (Luc 24, 1), “no primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro”, mas não encontram Jesus, ou melhor, como supunham, o seu Corpo. Aparecem-lhes “dois personagens resplandescentes (Lc 24, 4) que lhes perguntam: “Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou” (Lc 24, 5-6)


 

Efectivamente, Jesus não faltou ao seu compromisso. Está vivo e manifesta a sua ressurreição a essas mulheres e, depois, a S. Pedro e aos apóstolos. É por esta razão que o Domingo de Páscoa é sempre um dia particularmente de alegria e festivo. Jesus é Senhor absoluto da vida e da morte. Nada nem ninguém se pode opor a este seu poder.

Pe. Rui Rosas da Silva

Pe. Rui Rosas da Silva

15 abril 2025