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Apóstolo (CC) brilha no caminho das pedras

Já saí do Caminho (de Santiago) há alguns dias, mas, como certamente saberá quem por lá passou, o Caminho ainda não saiu de mim. Associado às dificuldades inerentes a uma peregrinação, uma metáfora muito em voga, é dizer-se que fez “o caminho das pedras” associado à ideia de atravessar um rio ou um terreno difícil, onde há que saber quais as pedras a pisar para seguir em segurança.

Como tal, ao voltar às lides de cronista e/ou comentador, perceciono situações futebolísticas que me recordam (e permitem fazer uma analogia entre) o que passam os peregrinos quando decidem meter pés ao Caminho, e…alguns treinadores.

A carreira do Sporting Clube de Braga ao longo desta época e os “ditos” ajustes feitos em janeiro, deixaram sócios poucos crentes – eu, por exemplo, precisei peregrinar até Santiago de Compostela - pelo que, só um Apóstolo experiente como Carlos Carvalhal para nos trazer de volta a esperança. Embora portador de mochila carenciada de alguns “bens essenciais” (perdidos no início da caminhada ou no decurso desta) o Apóstolo tem mostrado ser possível trilhar com sucesso este caminho de onde foram subtraídas algumas pedras fundamentais. Senão, vejamos: contratamos Navarro e Racic. Um, infelizmente, mais tempo impedido de dar o seu contributo à equipa, do que a fazê-lo; outro, para uma zona onde não estávamos propriamente deficitários. Em contrapartida, saem cinco. Dois indiscutíveis - Matheus e Bruma – e outros, André Horta, Yuri e Roberto que faziam parte do núcleo de 2ªs opções. Zalazar, outro indiscutível, esteve com um pé fora e outro dentro…mais de um mês. De há uns tempos para cá, um esquerdino de excelência lesionado (Roger).

Com todas estas contrariedades o mais expectável seria que o grupo se afundasse na classificação. No entanto, e ao invés, tem conquistado pontos atrás de pontos, tendo esta semana atingido um lugar que normalmente estaria reservado a outros. O Apóstolo mostra saber - nas conferências de imprensa pré e pós jogo - que ainda estarmos longe do objetivo, até porque, a olho nu, percecionamos que quanto mais nos aproximamos, mais ventos contrários temos, enquanto para outros, (in)compreensivelmente, sopram ventos favoráveis, sistemáticos.

Que a legião de adeptos saiba valorizar o trabalho de excelência que está a ser realizado, neste “caminho das pedras” percorrido com quem ainda deveria gatinhar ou andar em terrenos mais propícios. Refiro-me, obviamente a nomes como: Lucás Hornícek, Jónatas Noro, Francisco Chissumba, Diego Rodrigues, João Vasconcelos, Afonso Patrão, Rúben Furtado, Rodrigo Macedo ou Sandro Vidigal.

Por isso, e por tudo o que escrevi anteriormente, alguém tão criticado ao longo da época, e que mesmo com condições deficitárias consegue este percurso - o nosso Apóstolo - merece ser devidamente enaltecido porque, onde (e quando) faltaram recursos, sobrou coragem e persistência porque fundamental mesmo, é saber onde pisar.

Que todos continuem(os) a pisar (e apoiar) nos locais certos, são os meus votos sinceros.


 

 


 


 


 

Carlos Mangas

Carlos Mangas

11 abril 2025