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Faleceu o Padre Adelino de Sousa, um Santo já nesta terra

O padre Adelino da Costa e Sousa faleceu no dia 3 de abril e as suas exéquias decorreram no dia seguinte, às 18 h, presididas por Sua Excelência Reverendíssima, Dom José Cordeiro, Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas, além de dezenas de sacerdotes vindos de diversas paróquias, incluindo alguns da Diocese de Lamego, numerosos fiéis, amigos e familiares que não se quiseram esquecer desta despedida terrena de um homem/padre que se entregou a Deus, aos seus paroquianos e a tantos outros que se abeiravam dele, trilhando um caminho de santidade, de entrega que Deus, tenho a certeza, assumindo a minha fé, acolheu-o de imediato nos Seus Braços.

Como já tinha escrito, neste prestigiado diário, quando foi agraciado pela Câmara Municipal de Terras de Bouro num ato de reconhecimento pelos seus 38 anos ao serviço e compromisso na Basílica do S. Bento da Porta Aberta, recebendo das mãos do Presidente da Câmara, Manuel Tibo, uma salva de prata. O Padre Adelino da Costa e Sousa, natural de S. Martinho de Valbom, Vila Verde, nasceu no dia 29 de abril de 1943. Após frequentar o ensino primário (1º ciclo do ensino básico) e a preparação para o exame da admissão, ingressou no Seminário de Nossa Senhora da Conceição de Braga a 30 de setembro de 1958, terminando o curso teológico em 1972.

Foi nomeado, nos anos de 1973 a 1975, prefeito, professor e ecónomo no Seminário Arquiepiscopal de Luanda, exercendo, ainda, as funções de secretário particular do Arcebispo de Luanda, D. Manuel Nunes Gabriel. Findo este período, no dia 20 de abril de 1975, foi ordenado presbítero na Igreja de S. Paulo, em Luanda, regressando a Portugal devido às transformações políticas geradas após o 25 de Abril do mesmo ano.

Foi pároco da Amadora, em Lisboa, onde se manteve de 1975 a 1978, dedicando-se ao seu povo com uma forte dinâmica pastoral, chamando à prática religiosa fiéis que estavam um pouco distanciados das coisas de Deus.

Regressou a este nosso Minho no ano de 1978, tomando conta da paroquialidade de Chorense, Santa Isabel do Monte e de S. João da Balança do Arciprestado de Terras de Bouro, promovendo, nesta última, o restauro da artística tribuna da Igreja Paroquial, mantendo a sua traça inicial.

Foi pároco da Vila de Amares e de Figueiredo entre 1980 e 1981, sendo, a seguir, em novembro de 1982, nomeado pároco de Rio Caldo, Terras de Bouro e colaborador na pastoral da Basílica de S. Bento da Porta Aberta, sendo nomeado Reitor no ano de 1984, permanecendo nesta missão 37 anos e nove meses. Durante este percurso, ainda foi Arcipreste de Terras de Bouro de 2004 a 2014.

Interveio em várias atividades durante todos estes anos como Reitor e como pároco de Rio Caldo, realçando-se a construção da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (lar), propriedade do Centro Social e Paroquial de Rio Caldo, criado com fins de solidariedade social. 

Foi uma entrega muito generosa, uma doação sincera, uma preocupação permanente à Basílica do S. Bento da Porta Aberta. Dificilmente se ausentava e, quando isso acontecesse, pedia sempre a um sacerdote que o substituísse para dar o apoio necessário às centenas de devotos que, diariamente, visitam aquele lugar de grande religiosidade. Neste sentido, a Irmandade de S. Bento da Porta Aberta, presidida, na altura, pelo atual Bispo Auxiliar do Porto, Dom Roberto Rosmaninho, também lhe prestou a sua gratidão na altura em que cessou as suas funções (2020) como Capelão, sendo celebrada uma Eucaristia de louvor a Deus, solenizada pelo Grupo Coral de S. Bento, pela sua doação ao serviço do Santuário num desempenho de uma enorme grandeza ao ponto de podermos aplicar aqui a expressão emblemática da regra da Ordem de S. Bento “Ora et Labora” (reza e trabalha). Assim foi a vida do amigo P. Adelino ao longo dos seus anos, modelo de fé e de um forte amor às coisas de Deus e ao próximo.

Fiquei com o meu coração tranquilo, com uma sensação de paz interior, por estar com ele, ainda no seu leito do lar, presidido pelo seu irmão Padre Fernando Bento, onde foi sempre bem tratado, dias antes do seu falecimento e, ao contrário, daquilo que me disseram, ainda respondeu à pergunta que lhe fiz: – Quem sou eu? – És o Salvador. Despedi-me dele, após uns minutos, tendo ainda a lucidez de me dizer na despedia: - vai e obrigado.

Nunca mais esquecerei este amigo de longa data. Qualquer conterrâneo meu que o encontrasse no S. Bento e, mais tarde no lar, perguntava sempre por mim. Rezo por ele, mas ele santificou-se cá neste mundo e está a interceder a Deus por todos nós, um SANTO.

Salvador de Sousa

Salvador de Sousa

8 abril 2025