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Deixar fugir o pássaro da mão?

Quão difícil foi aqui chegar). É certo que boa parte do Mundo assiste hoje à subida generalizada de não poucos partidos políticos da verdadeira Direita. Os quais (ou os seus antecessores) passaram décadas “a patinar” na insignificância ou na mediocridade. Foi sem dúvida muito difícil trepar “a pulso” para os 1.º, 2.º e 3.º lugares que hoje ocupam nos mais inesperados e variados países. Até porque foram (e ainda são ) segregados e boicotados pelos partidos do “centrão”, do “main stream”. Quando não são mesmo, proibidos; com a justificação, a desculpa de mau pagador, de que nada mais são que a continuação dos partidos que governavam os países que perderam a 2.ª Guerra Mundial (Alemanha, Itália, Roménia, Croácia, Hungria, Áustria, Eslováquia, etc.).

De Salazar a Jean Marie Le Pen). A Direita europeia lá sobreviveu a custo, ao triunfo das Democracias no conflito de 1939-45. Mantiveram-se apenas o Portugal de António Salazar (e de Marcelo Caetano), desde 1926 até 74. E a Espanha do gen. Francisco Franco Bahamonde (de 1936 a 77). Por esse Mundo fora, e às vezes com conotações acessórias de um populismo quase de esquerda, apareceram Perón (na Argentina), Cárdenas (no México), Pinochet (no Chile), Videla (na Argentina), a Ditadura Brasileira (Castelo Branco, Geisel, Figueiredo), Chávez (na Venezuela), Banzer (no Paraguai), Morales (na Bolívia) etc.. Contudo, o reaparecimento europeu teve como pioneiro o logo mal sucedido inglês Enoch Powell; o francês J. M. Le Pen (e sua fiel filha Marine); o austríaco Jörg Haider; o inglês David Griffin (com o seu British National Party); o italiano Giorgio Almirante (do antigo M S I), sucedido pela Legha Nord (de Fini) e agora pela Legha (de Salvini); o húngaro Viktor Orbán; o eslovaco Fitso; o sérbio Vútchich; o russo Putin (com Lukashenko e o deposto Yanukóvitch); o holandês Geert Wilders; a alemã Alice Weidel (do AfD); o espanhol Abascal (do Vox); o português André Ventura (com o Chega), que ultrapassou o P N R de Pinto Coelho (e agora do juíz Fonseca). Entre outros. P. ex., na África, o Malaui (do dr. Kamuzu Hastings Banda); o Zaire (do gen. Mobutu); a Rodésia do Sul (de Ian Smith) ou a África do Sul (de Verwoerd e Balthazar Johanes Voerster). Ou, na América, essa genial improbalidade que é Donald J. Trump (e seu antigo mentor Steve Bannon); e os precursores, Wallace e Buchanan.

Erros e incoerências dos actuais líderes de Direita). Como se viu, não foi fácil chegar tão alto. Porém, à excepção de Marine, Orbán, Salvini ou Putin, as incoerências dos actuais líderes direitistas são frequentes e bem prejudiciais ao avanço da sua causa.

Trump). Acertado é o seu respeito pala Rússia nacionalista actual. A qual não é a URSS do passado, mas uma superpotência nuclear correntemente insultada e provocada pelos sucessivos líderes da NATO e da “União Europeia”. Admissíveis e naturais são o combate de Trump ao Crime e a projectada expulsão de alguns milhões de imigrantes ilegais centro-americanos; a protecção das indústrias americanas; a ambição de recuperar o controlo do canal do Panamá (deitado ao lixo, por Carter); ou a própria alteração do nome do golfo do “México”; ou o estabelecimento descomplexado de contactos com partidos da verdadeira Direita, na Grã-Bretanha e Alemanha (com 15% e 22% dos seus eleitorados). Errado é o seu apoio sem críticas, a Israel; o seu perigoso antagonismo com o Irão (aliado da Rússia); a sua aceitação da desastrosa queda do regime sírio dos Assad; ou as ambições políticas sobre a Groenlândia (e o Canadá!).

E se Trump fosse assassinado?). Para mim, há 30% de hipóteses de o ser. Até nos arquivos sobre a morte de Kennedy foi mexer… Para mais, hoje, só os distraídos é que ignoram que se tratou de uma vingança da Máfia, pela perseguição que Robert K. lhe movia, apesar de a vitória apertada de JFK sobre Nixon (1961) se dever a burlas eleitorais mafiosas em Chicago, etc.. E que os tiros vieram de frente (e não de Oswald). Se Trump morresse, o líder americano seria Vance, extremoso marido de uma advogada hindustânica, da qual tem 3 filhos. Um cenário nada de Direita…

Os erros de Ventura, Abascal e de Alice Weidl). As Direitas ibéricas deveriam ser neutras a respeito do conflito Kieve-Moscovo. Ventura devia achar que os seus 18% (e 50 deputados) são para já, excelentes; e não andar a pedir novas eleições (ou a distanciar-se da grande Marine Le Pen…). E na terra do “soberbo gado” (cito Camões), Alice Weidel não vai longe, se continuar a imitar as alegadas preferências do grande Frederico II da Prússia (1712-86). E do major Ernst Röhm (1887-1934).

Eduardo Tomás Alves

Eduardo Tomás Alves

8 abril 2025